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SÉRIE TECNOLOGIAS PARA FERIDAS: O ALGINATO

Continuando nossa série sobre tecnologias, vamos ao mago das águas, o Super alginato. Salvador dos marinheiros. Essa substância é usada para muitos propósitos, não sendo exclusividade do universo das feridas. Siga lendo e veja que conteúdo legal. Deixe seus comentários ao final.

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De onde vem o alginato?

 

O ácido algínico e seus sais, extraídos de algas marinhas, têm sido utilizados para vários propósitos comerciais tais como1:
estabilizante e espessante na indústria alimentícia (estabilizar a espuma da cerveja e controlar a viscosidade de sopas e molhos de saladas);

  • alimento de animais e peixes;
  • fertilizante agrícola;
  • preparações tópicas e soluções orais como laxantes e antiácidos;
  • adjuvante na fabricação de vacinas e componentes de moldagem na odontologia, entre outros.

No tratamento de feridas, suas propriedades curativas são conhecidas há vários séculos, sendo tradicionalmente denominadas como “a cura dos marinheiros”.1 Porém, foi somente em 1881, que o químico britânico Standford extraiu o ácido algínico.2 A fibra que se produzia na época era usada, principalmente, na indústria têxtil, sendo somente uma pequena parte aplicada em cirurgia e feridas. 1

Morgan, 1996,1 numa revisão da literatura referente ao alginato, constatou que foi somente a partir de 1948 que inúmeras publicações foram realizadas sobre sua aplicação em feridas de diferentes etiologias, ressaltando-se suas propriedades como agente hemostático tanto para prevenção quanto para controle de hemorragia e, bem como sua aparente ausência de toxicidade.

Na década de 70, o alginato passou a ser produzido sinteticamente, todavia devido aos custos elevados para essa produção, limitou-se a sua utilização por quase uma década. Com o avanço nas técnicas de produção e na melhor compreensão do processo de reparação tecidual, a partir da década de 80 ressurgiu o interesse por essa tecnologia, sendo a marca Sorbsan® a primeira a ser comercializada, em 1983.1

O alginato tem sido uma cobertura amplamente usada até os dias de hoje, e diversas marcas foram desenvolvidas a partir de então, com variação da sua composição na quantidade de ácido manurônico e gulurônico e dos íons de cálcio e sódio.

Existem quatro principais grupos de algas marinhas (verde, azul, vermelha e marrom). Os alginatos acontecem naturalmente como uma mistura de sais de ácido algínico encontrada principalmente na forma de sódio em certas espécies de algas marrons denominadas Phoeophyceae (feofíceas), incluindo: Macrocystis pyrifera (sargaço gigante); Laminaria digitata (sargaço rabo de cavalo); Laminaria Saccharina (sargaço doce). O rendimento da produção de alginato é de 20 a 25%, dependendo da espécie.1

A alga que é usada para produção de curativos é coletada principalmente das águas do arquipélago Hebrides, localizado na costa oeste da Irlanda, mas também de muitas outras costas marinhas ao redor do mundo.1

A estrutura do ácido algínico consiste na união de cadeias lineares de resíduos de ácido manurônico e do ácido gulurônico arranjados em blocos lineares. A proporção dos ácidos varia de uma espécie para outra. O alginato rico em ácido gulurônico forma um gel forte, mas quebradiço, enquanto o curativo rico em ácido manurônico é mais fraco, porém mais flexível. Esta proporção é importante, pois afeta a estrutura do polímero, por conseguinte a reologia, a formação do gel e a propriedade de troca de íons.1

Ao analisar as marcas de placas de alginato, verifica-se uma variabilidade das proporções dos ácidos e dos íons. Alguns possuem somente cálcio, outros cálcio e sódio. Todavia tanto as bulas quanto a própria literatura sobre feridas não são suficientemente esclarecedoras quanto ao processo realizado industrialmente.

 

O processo de fabricação

Para a fabricação da fibra de alginato é realizada uma reação de troca iônica.
A extração da alga marinha é feita com a utilização de diluentes de base alcalina, resultando na formação de um pó de alginato de sódio que, por ser solúvel em água, transforma-se numa solução coloidal viscosa. Essa solução é passada por um fino orifício para uma banheira que realiza movimentos giratórios, contendo íons de cloreto de cálcio. Assim, as fibras são precipitadas em alginato de cálcio insolúvel, sendo essa uma reação de decomposição dupla simples.1

Uma reação reversa ocorre quando as fibras de alginato de cálcio são colocadas em uma solução contendo excesso de íons de sódio. Os íons de cálcio das fibras são trocados por sódio e, assim, o material torna-se solúvel. Deste modo, quando em contato com o soro plasmático ou com o exsudato da ferida, o alginato de cálcio, que é insolúvel, é parcialmente convertido para um sal de sódio solúvel. Um gel hidrofílico é então formado sobre a ferida promovendo um meio úmido ideal para a reparação tecidual, e uma troca de curativo sem dor.1

 

A indicação para feridas

O alginato é uma cobertura absorvente, conseguindo reter de 15 a 20 vezes seu próprio peso em exsudato.1 Assim sendo, deve ser aplicada em feridas que apresentem exsudação moderada a elevada. Seu uso é indicado em feridas de diversas etiologias, sejam superficiais ou profundas, agudas ou crônicas, sangrantes ou não, com ou sem infecção. Com relação às feridas infectadas, escolher àqueles associados com antimicrobianos, pois terão melhor efetividade no tratamento.

O alginato pode estar associado a outras formulações como hidrogéis, hidrocolóides e colágeno. Sua apresentação também pode ser em pó, todavia a mais usual é em fibra, em forma de tira ou placa.

Quando na utilização em fibra, a recomendação de troca varia entre três a sete dias no máximo, ou quando estiver saturado. Ressaalta-se que dificilmente durará sete dias, dada sua principal indicação.

Em feridas altamente exsudativas, poderá durar menos que 24 horas, devendo o profissional avaliar adequadamente essa variável para determinar a periodicidade de troca.

Na prática, ao ser o exsudato transferido para o curativo secundário significa a saturação da fibra. A sua aplicação em feridas com baixo volume de exsudato provocará aderência completa no leito da ferida, ocasionando dor e perda da função do curativo.

Com relação às propriedades hemostáticas do alginato, é a presença do íon de cálcio que contribui no desencadeamento e evolução da via intrínseca da cascata de coagulação e, consequentemente, no controle do sangramento.

Existem muitas marcas no mundo e no Brasil que possuem essa tecnologia, que também tornou-se muito comum.

Espero que você aprecie, deixe seus comentários e encaminhe para a rede social de alguém.

Meu apreço a você que chegou até aqui e leu.

Dra Beatriz Farias Alves Yamada

Enfermeira (graduada em 1989) Estomaterapeuta e Dermatológica
Doutora e Mestre em Enfermagem pela EEUSP
Pós-graduada em Aromaterapia
Pós-graduanda em Ozonioterapia
Escritora, palestrante, professora
Empresária, proprietária das empresas byCorpus e IBYamada

 

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Referências

  1. Morgan D. Alginate dressings. Journal of tissue vaibility 1996; 7 (1).
  2. Standford E. On algin: a new substance obtained from some of the commoner species of marine algae. Chemistry News 1883; 47: 254-257. In: Morgan D. Alginate dressings. Journal of tissue vaibility 1996; 7 (1).

OBS: no material original, contribuíram comigo as enfermeiras: Cláudia Cristine de Souza Gonçalves; Maria Gabriela Secco Cavicchioli; Kelly Cristina Strazzieri Pulido; Rosangela Aparecida de Oliveira; Suely Rodrigues Thuler.
Acréscimos foram realizados nesse conteúdo atual.

SÉRIE TECNOLOGIAS PARA FERIDAS: O HIDROCOLOIDE

Tive a ideia que fazer uma séria chamada TECNOLOGIAS para feridas quando encontrei um arquivo com um material já produzido, tempos atrás. Já que tenho esse blog, considero que será mais útil aos profissionais terem esse material publicado aqui. Assim, farei a partilha dele por temas. Esse primeiro será sobre o hidrocoloide, o grande precursor das tecnologias.

A elaboração do conteúdo foi feita a partir da experiência clínica e da leitura das bibliografias abaixo, consultadas à época.

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Vamos lá saber mais sobre essa tecnologia tão presente em nossas vidas como especialistas?

O que é um hidrocolóide (HDC)? Hidrocolóide é a junção dos termos hidro + colóide que, misturadas com água, formam géis.

Os principais hidrocolóides encontrados nas tecnologias

Carboximetilcelulosepolímero solúvel em água obtido por meio da ação do derivado sólido do ácido cloroacético sobre a celulose alcalina. Age como espessante. Nos curativos sua principal função é hidratação.

Pectinacarboidrato purificado hidrossolúvel e absorvente, proveniente da parede celular das plantas, em contato com água a absorve tornando-se um gel.

Gelatina proteína purificada hidrossolúvel, branca ou levemente amarelada, cujo odor e sabor são pouco pronunciados. É obtida pela hidrólise parcial do colágeno da pele e dos ossos de animais.

 

As apresentações de coberturas feitas a partir de hidrocoloides e seu modo de usar

A apresentação de curativos com HDC s pode ser em placa, fibra, gel, pasta e pó e essa versatilidade permite utilizá-los em feridas superficiais ou profundas, de diferentes etiologias, com ou sem presença de necrose, infectadas (desde que haja antimicrobiano) ou não e em qualquer fase do processo de reparação, desde que a escolha seja norteada pela situação do leito da ferida, a saber, tipo de tecido, volume de exsudato, condição microbiana e também a situação da pele ao redor.

Nas feridas mais planas há mais versatilidade para selecionar qualquer uma das apresentações, desde que guiado pelo tipo de tecido e volume de exsudação. Naquelas com cavidades preenche-se com pasta ou fibra, e nas secas aplica-se o gel. Cuidado deve ser tomado na aplicação das placas aderentes em epitélios recém-formados, pois podem ser removidos no momento de sua retirada. Em feridas infectadas devem ser indicados apenas aqueles hidrocolóides acrescidos de substâncias antimicrobianas.

O hidrocolóide em fibra, mais conhecido como hidrofibra, é formado somente da carboximetilcelulose e tem como grande vantagem proteger a pele ao redor da ferida da maceração devido a sua propriedade de absorção vertical do exsudato, e ter apresentação com e sem antimicrobiano, ou seja prata. Como desvantagem, dor e traumatismos podem ocorrer caso haja aderência da fibra nas margens da ferida. Isso acontece devido ao menor volume de exsudato nessa interface e, como prevenção, pode-se umedecer esse perímetro com uma barreira oleosa de ácidos graxos essenciais, por exemplo.

Com relação ao exsudato, a apresentação em fibra é a mais versátil, pois, desde que tomados os devidos cuidados, pode ser indicada em presença de exsudação baixa a excessiva. Assim, quando aplicada naquelas com baixo volume é imperativo ser previamente umedecida, caso contrário produzirá ressecamento e aderência no leito. Nesse caso usar somente se não houver outra alternativa nos arsenais das tecnologias.

A fibra absorve o exsudato prendendo na sua estrutura as bactérias nele contidas. Também se conforma com o formato da ferida, promovendo um meio gelatinoso, similar a uma placa de hidrogel que, acredita-se, facilitar a reparação. Sua alta capacidade de absorção diminui as trocas, reduzindo custos com o tratamento e deixando a ferida seguir seu curso sem frequentes interrupções do processo de reparo. A apresentação com a prata executa seu papel bactericida na própria cobertura.

A apresentação de hidrocolóide em placa, composta externamente por filme ou espuma de poliuretano atua como uma barreira física impermeável aos líquidos, gases, vapores e microorganismos. Esse isolamento do ar atmosférico mantém a temperatura em torno de 37ºC, ideal para o crescimento celular, e provoca hipóxia no leito da ferida, estimulando a angiogênese e, adversamente a hipergranulação.

Os hidrocolóides em placas possuem também materiais adesivos sensíveis à pressão, cuja adesão inicial é maior que algumas fitas adesivas. Depois da aplicação, a absorção do vapor d’água transepidérmico modifica essa aderência aumentando-a mais ainda no decorrer do seu uso. Essa aderência não ocorre no leito da ferida devido à absorção do exsudato e consequente formação de gel.

Ao indicar-se as placas adesivas de hidrocolóide seleciona-se um tamanho de tal maneira que seja deixada uma margem de segurança de 1 a 2 cm para promover uma boa aderência na pele íntegra. O mesmo princípio deve ser considerado na utilização da fibra, pois na medida em que o exsudato é absorvido ela encolhe.

As placas adesivas podem ser classificadas como coberturas primárias (contato direto com o leito) ou secundárias (colocada acima da primária). As demais apresentações são todas primárias, necessitando sempre de uma cobertura secundária.

Comercializados em vários tamanhos, formatos e espessuras, as apresentações em placa adesivas e em fibra podem ser recortadas. Mas placas quando cortadas podem necessitar de ajuste com outra tecnologia como filmes de poliuretano ou fitas adesivas.

Os curativos de hidrocolóides podem permanecer na ferida até sete dias ou até quando houver sinais de saturação, mas sua permanência está intimamente relacionada ao volume de exsudato presente na ferida e a apresentação. Quando os curativos não são trocados a intervalos apropriados, pode ocorrer maceração da pele peri-ferida, exceção se faz a apresentação em fibra, que possui absorção vertical, como referido anteriormente.

Com relação à contra-indicação, os curativos de hidrocoloides placas adesivas convencionais (sem adição substância para controle microbiano) não devem ser aplicados em feridas infectadas, especialmente por anaeróbios, por favorecerem um meio ideal para a proliferação de microorganismos. Além disso, devem ser evitados por pessoas alérgicas aos componentes do produto. Ressalta-se que na presença de infecção sejam usadas as apresentações com presença de antimicrobiano.

As barreiras para uso nos dispositivos são feitos de hidrocoloides também. Aliás, é daí que tudo nasceu e foi derivado para as lesões de pele aguda e crônica.

Hidrocoloides podem ser usados até em recém-nascidos pré-termo. As apresentações extrafinas são bem adotadas para proteção em áreas de fixação de tubos, cateteres etc.

Existem muitas marcas no mundo e no Brasil que possuem essa tecnologia. Tornou-se muito comum.

Espero que você aprecie.


Dra Beatriz Farias Alves Yamada

Enfermeira (graduada em 1989) Estomaterapeuta e Dermatológica
Doutora e Mestre em Enfermagem pela EEUSP
Pós-graduada em Aromaterapia
Pós-graduanda em Ozonioterapia
Escritora, palestrante, professora
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Referências Consultadas

Moderno dicionário da língua portuguesa [on line]. São Paulo: Editora Melhoramentos Ltda; 2007. Disponível em <http://michaelis.uol.com.br> em 07 de dezembro de 2007.

Borges EL, Saar SRC, Magalhães MBB, Gomes FSL, Lima VLAN. Feridas: como tratar. Belo Horizonte: Coopmed; 2008.

Dealey C. Cuidando de feridas: um guia para as enfermeiras. São Paulo: Atheneu Editora; 2001.

Bryant RA. Acute and chronic wounds: nursing management. 2nd ed. St Louis: Mosby; 2000.

Silva AA. Carboximetilcelulose. [on line] Apresenta ficha técnica do produto. São Paulo: Minérios Ouro Branco Ltda. Produtos Químicos; 2004. Disponível em: <http://www.ourobranco.com.br/produto.php?id=35&&lingua=pt> em 07 de dezembro de 2007.

Plury Química. Carboximetilcelulose. [on line] Apresenta ficha técnica do produto. São Paulo: Plury Química Ltda. Área alimentícia; 2006. Disponível em: <http://www.pluryquimica.com.br/pdf/Carboximetilcelulose%20-%20CMC%205000.pdf> em 07 de dezembro de 2007.

Bajay HM, Jorge SA, Dantas SRPE. Curativos e coberturas para o tratamento de feridas. In: Jorge SA, Dantas SRPE. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. 1ª ed. São Paulo: Atheneu; 2003. p. 81-99.

Worley CA. So, what do I put on this wound? Making sense of the wound dressing puzzle: part II. Dermatol Nurs 2005; 17(3):204-5.

La página de Bedri. Pectina. [on line] Apresenta o que é pectina, seus tipos e efeitos. Principado das Astúrias: La pagina de Bedri. Libreta de apuntes; [s.d.]. Disponível em: <http://www.bedri.es/Libreta_de_apuntes/P/PE/Pectina.htm> em 07 de dezembro de 2007.

[seminário on line]. Rio Grande do Sul: UFRGS; [s.d.]. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/Alimentus/ped/seminarios/geleificantes.doc> em 04 de dezembro de 2007.

Obs: no material original contribuíram comigo as enfermeiras: Cláudia Cristine de Souza Gonçalves ; Maria Gabriela Secco Cavicchioli; Kelly Cristina Strazzieri Pulido; Rosangela Aparecida de Oliveira; Suely Rodrigues Thuler.
Acréscimos foram realizados nesse conteúdo atual.

Por que OSTOMIA está errado?

Nossa tendência é acreditar no que lemos e ouvimos. Mas, por vezes, existem erros coletivos que vão sendo passados de geração em geração, sem serem questionados. O mundo está cheio disto. Vez por outra, crenças caem por terra, inclusive na ciência. Claro! A ciência é feita por humanos, e humanos erram. Eu erro, todos erramos. Não é mesmo?

Assim acontece com termos. Um exemplo:
⤵️
chamamos Sonda Vesical de Demora. Isso é errado. Sonda não tem abertura interna, logo, a urina não irá passar. O certo é cateter vesical de demora. Idem para nasogástrica. Mais um: sonda de gastrostomia, para o que deve ser tubo/cateter. E assim vai…

Outra questão é que assumimos termos de outras línguas sem verificar se temos como incorporar em nossa língua materna daquele jeito. Na verdade, nem prestamos atenção, vamos falando, escrevendo e vai ficando popular.

Isso ocorre com o termo OSTOMIA. Importamos no passado da literatura inglesa. E lá se usa OSTOMY. Não me pergunte se eles estão certos. Mas foi bem fácil traduzir, bastou mudar o Y pelo IA. E assim fomos levando a vida: ensinando, publicando, dando nome às instituições. Inventamos também o ostomizado (que também não existe na língua portuguesa).

Deixa eu contar uma história. Um dia li um artigo mostrando inúmeros erros que cometemos na terminologia usada na medicina. E eis que lá está a OSTOMIA. Isso foi 2004, eu era presidente da SOBEST, e tudo nosso era ostomia, claro!

O que fazer? Buscar uma entidade que entendesse bem de nossa língua para um parecer. E assim foi feito. Recebi a resposta da razão pela qual ostomia não estava certo, sendo o correto: ESTOMIA, ESTOMA e ESTOMIZAR (vide fotos abaixo).

Simples: stóma vem do grego. Em português antes de /st/ se coloca /e/. Ao se acrescentar o sufixo /ia/ tem-se, então, a estomia: uma boca.

Então, definindo livremente, estomia é uma boca (abertura) feita em algum órgão (ou parte dele) oco de nosso corpo para o ambiente externo, geralmente para eliminação, mas também para alimentação (quando estômago e jejuno).

Uhumm! Agora fica simples o quebra-cabeça. Pegam-se os prefixos das áreas a serem abertas (traqueo, gastro, ileo, colón, pleura, vesico, uro…) e criam-se os termos.
⤵️
Traqueo+stom + ia = traqueostomia
Colo+stom + ia = colostomia
gastro +stom + ia = gastrostomia

E estomaterapeuta? estoma + terapeuta = terapeuta estomal. Essa é a origem. Hoje, uma ET atua além das estomias, pois foram acrescentadas outras áreas de atuação, a saber: feridas agudas e crônicas, incontinências, fístulas, tubos e drenos. Ahhh, não existe ostomatoterapeutas ou estomoterapeutas.

Nas fotos das figuras 1 a 3, estão documentos do e-mail original que encontrei de minha comunicação com um lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras na época.
⤵️
Fazendo uma limpa nas minhas pastas, o achei, já amassado. Creio que amassei para descartar, me arrependi e devolvi para uma pasta. O que foi bom, pois não tenho mais esses E-mails em meu computador. E esta é uma prova viva das mudanças que foram necessárias fazer daí para frente, tais como: mudança de estatuto da SOBEST, logomarcas, conteúdos diversos.

As as associações das pessoas com estomias mativeram-se como eram, porque havia receio de perdas de direitos. Mas, nós profissionais procurarmos ser respeitosos com nossa própria língua, pois errávamos pela ignorância.

O que aprendi? Temos que ser mais curiosos e investigadores. E respeitar a nossa língua materna. Embora a língua seja dinâmica, existe sempre uma gênese.

Está errado escrever OSTOMIA porque não está em concordância com nossa querida língua portuguesa. Também não existe a palavra ostomizado, podendo ser criado o estomizado. Mas o melhor é pessoa com uma estomia.

Abaixo documentos originais

Figura 1. Esse foi o email que enviei à Academia via canal de perguntas.

Figura 2: resposta do Lexicógrafo-Chefe, Sergio Pachá
Figura 3: nova comunicação sobre estomizado.

Texto elaborado por:

Dra Beatriz Farias Alves Yamada
Enfa Estomaterapeuta
Presidente da SOBEST nas gestões de 2002 a 2008.

Experiências de viver com o “intestino do avesso”

O dia 16 de novembro é uma data nacional de comemoração da pessoa com estomia.

As estomias são aberturas de algum órgão do corpo realizadas cirurgicamente, sempre com a finalidade de preservar a função. Muda-se a anatomia, mas o funcionamento daquele órgão é preservado. Logo, salva-se a vida.

As estomias mais comuns são aquelas realizadas nos intestinos. Através de uma abertura na parede abdominal o intestino é exteriorizado, evertido e suturado (costurado) na parede, expondo, assim, a mucosa intestinal. Isso tudo é cicatrizado com alguns dias, protegendo-se a parte interna do corpo. As fezes passam diretamente por esse orifício para o meio externo e são coletadas num equipamento acoplado a pele, chamado popularmente de ‘bolsa’ de estomia.
Para essa eversão intestinal, estou aqui dando o significado de ‘intestino do avesso’, pois me lembrei da campanha da epidermólise bolhosa que faz a provocação com o ‘virar do avesso’.
Em português o termo correto é “estomia”. Contudo é comum o uso de ‘ostomia’, especialmente entre as próprias pessoas com a derivação.

Uma estomia trás sem dúvidas mudanças de todas as ordens na vida de uma pessoa. Cada tipo com suas peculiaridades, mas as intestinais podem trazer mais aversão em função do conteúdo fecal exalar odor. Lidar com fezes é sempre algo cheio de ecas desde as primeiras experiências de um ser humano. A mãe limpa o bebê, mas geralmente as reações não são de que delícia, que cheiro bom, que maravilha…
Não preciso explorar isso, certo? Todos bem sabemos das reações que temos dentro de um sanitário.

Nessa matéria eu não quero falar de coisas negativas. Porque todas as coisas na vida tem duas faces. Posso diante de um fenômeno explorar mais aspectos negativos que positivos. Contudo, uma visão mais negativas dos fatos causam mais efeitos emocionais deletérios.

Para celebrar esse dia, quero deixar as falas de pessoas que são estomizadas. E desde que já as agradeço por terem se interessado pelo meu pedido e enviarem seus textos e fotos.

Desejo vida longa e bem-estar a todas as pessoas com estomia no Brasil e ao redor do mundo. Decido também ao meu amigo Rufo ( in memoriam) e a minha querida Ana Cris (in vida).

Meu apreço.

Dra Beatriz Farias Alves Yamada
Estomaterapeuta – COREN 49515
Psicóloga Clínica – CRP 06/127735

Selma Torquete – Ileostomia definitiva desde 2005.

Aos 23 anos de idade, fui diagnosticada com Retocolite Ulcerativa. A partir daí comecei o tratamento com o Proctologista, devido as cólicas abdominais e sangramento nas fezes. O tratamento foi intenso, por 20 anos, porém, não escapei da cirurgia.

Foi desesperador quando me vi com uma bolsa de Ileostomia acoplada no meu abdômen. Tinha certeza que aquilo era o fim da linha para mim, minha vida virou dos avessos, já não existia alegria e nem razão para viver.

Aos 44 anos de idade, sem esperança de sobreviver por conta das ocorrências após 4 cirurgias, com perda de peso e muitas dores, entreguei minha vida nas mãos de Deus.

Foi a melhor coisa que fiz na minha vida, pois estava cercada de muito carinho dos familiares e amigos, conheci pessoas que foram e ainda são o meu apoio e meu chão.

Aos poucos fui aprendendo a lidar com a situação, graças às dicas e o apoio das voluntárias da AOMSP – Associação dos Ostomizados do Município de São Paulo, onde mais tarde me tornei uma voluntária por três anos e meio, foi de grande importância esse convívio com a Associação, pois foi com eles que aprendi dar a volta por cima e consegui encarar os obstáculos e recomeçar e principalmente aceitar.

Hoje, aceitando a situação e superando os obstáculos, posso me considerar uma vencedora, trabalho ainda aos 57 anos, uso condução ônibus, metrô, tento ser o mais alegre e companheira possível, gosto muito de curtir a família e os amigos, de viajar e principalmente de agradecer a Deus, que nunca me abandonou, por todo momento vivido e por aqueles que ainda hão de viver.

Moral da minha história: “ Viver um dia de cada vez e ser feliz sempre.”

Acredite sempre, mesmo que o sol não esteja brilhando, porque ‘a força de acreditar é capaz de destruir a escuridão’.


Maria Rita Silva – 48 anos nutricionista/SP, Ileostomia desde 2013

Hoje, eu sempre comemoro a vida pois, graças à ileostomia definitiva, que ganhei desde 2013, por conta de complicações da Doença Inflamatória Intestinal e, carinhosamente chamada de Mel, minha companheira do dia a dia, consegui melhorar minha qualidade de vida e viver melhor.

Hoje, eu comemoro, sim, a pessoa ostomizada que luta pela vida e não desiste de ser feliz em meio a tantas dificuldades, que qualquer um de nós pode passar independente de ser ou não ostomizado. Eu comemoro cada dia vencido com muito orgulho.

Comemoro muito a oportunidade em conhecer pessoas tão especiais que me mostraram que ser ostomizado não é o fim da vida e sim que podemos muito e que, apesar de qualquer dificuldade, vale a pena viver e lutar pelos nossos sonhos.

Após a cirurgia eu consegui terminar o curso universitário concluindo a graduação em Nutrição. Atualmente, sempre que tenho oportunidade, eu auxilio pacientes em sua nova vida como ostomizado. Fazer o bem ao próximo nos faz bem, e procuro fazer tudo que eu gosto: sair com amigas, dançar, ir à praia e, lógico, namorar!

Afinal, a vida, meu bem é para ser vivida pois pode, num sopro se acabar, então “Viva la Vida”.


Edna Pereira (Eda)

Me chamo Edna e tenho 49 anos. Há quase 28 anos, fui diagnosticada com Doença de Crohn e durante todo este período, passei por muitos altos e baixos, como a maioria dos colegas que também convivem com esta doença.

Passei por muitas internações e cirurgias, e entre elas, uma ileostomia e uma colostomia.

Talvez, eu pudesse ter considerado estes detalhes como uma desgraça, mas ao invés disso, resolvi dar GRAÇAS por tudo de bom que Deus permitiu acontecer na minha vida, apesar de tudo que passei.

A ostomia me permitiu mais qualidade de vida, principalmente, depois que conheci outros ostomizados que passaram pela mesma situação e me ajudaram à aceitar a nova condição. Depois da aceitação, me permiti aprender à viver o que for possível, da melhor maneira possível.

Obviamente, a ostomia não foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, mas sem dúvidas, muitas coisas maravilhosas me aconteceram, depois que me tornei uma mulher ostomizada.

Aniversário de Norma T Gill – Primeira ET Mundial

Fonte Fote: da SOBEST

Quem foi Norma T Gill

Norma T Gill nasceu dia 26 de junho de 1920, nos Estados Unidos da América, sendo quase impossível esquecer a data do nascimento dela, pois coincide com uma data especial para mim, meu casamento. Assim, sem qualquer planejamento, nossas vidas se cruzaram e eu me identifiquei profundamente com a causa que ela militava e, por isso, me elegi sua discípula. Mas, para que ela fosse lembrada sempre, em minha gestão como presidente da SOBEST, criamos a Semana Nacional de Estomaterapia nos dias 25 a 31 de outubro. Pela impossibilidade de ajustar pelo nascimento, a semana inicia pela data do falecimento, 31 aniversário da ET brasileira fundadora da especilização, Profa Vera Gouveia.

Norma Gill foi a precursora da estomaterapia mundial. Uma vibrante mulher, com capacidade ímpar de impressionar, criar e dividir. Sua visão, muito além do seu tempo, possibilitou a criação da estomaterapia, uma especialidade fenomenal e encantadora, assim vista por aqueles que fazem parte dela, presente em todos os continentes, muito embora não esteja em todos os países.

Um pouco sobre a estomaterapia

O surgimento da especialidade naturalmente exigiu a criação de entidades que a representasse. Internacionalmente, há o World Council of Enterostomal Therapist – WCET, fundado em 1978, e, nacionalmente, a Associação Brasileira de Estomaterapia – SOBEST, fundada em 1992. Ambas militam com muito ardor e amor, vislumbrando o crescimento da especialidade de maneira sólida e ética.

No Brasil, a educação em estomaterapia tem crescido gradualmente desde sua implantação formal, em 1990, na Escola de Enfermagem da USP, envolvendo desde sua fundação as áreas de estomias, feridas, incontinências e outros temas. Nos dias atuais, existem vários cursos de especializações, localizados em estados das regiões sudeste, sul, nordeste e norte (vide escolas no site), e que, certamente, ainda são insuficientes para atender a demanda que o país possui. Contudo, similarmente a reparação tecidual, cuja proliferação celular é feita de forma temporal e organizada, a construção da especialidade deve ser pautada nos mesmos critérios. Devagar que tenho pressa.

Um pouca da minha contribuição na especialização em estomaterapia

Ao longo de minha vida profissional em estomaterapia (desde 1998), segui nos passos de Norma Gill, que almejava que todas as pessoas com estomias, feridas e incontinências pudessem ser assistidas por um profissional estomaterapeuta. Mas, para que isso seja alcançado precisaria investimento em educação lato senso. Assim, não medi esforço para fazer disso um ideal a ser vivido e espalhado pelo país. Esse dever me impulsionou a ir ao amazonas fundar, juntamente com a colega Selma Perdomo, o I curso de especalização em estomaterapia (2008) no norte do Brasil, no qual dezessete alunos foram formados.

Atualmente o curso é coordenado por um ex aluno (Nilson Bezerra), que agora é professor na mesma universidade (Universidade do Estado do Amazonas). Sementes plantadas, frutos colhidos.

Meu tributo final

Assim, depois desse reviver histórico, é com muita gratidão que deixo meu tributo, outra vez, a esse ser especial – que nunca tive o privilégio de conhecer pessoalmente – que por identificação pude incorporar seus sonhos como meus sonhos.

Mais uma vez deixo escrito: Rest in Peace, Norma. Seus discípulos estão semeando e colhendo muitos frutos. Cada vez mais há pessoas envolvidas com essa área, que podemos muito bem chamar de: um caso pessoal de paixão.

Se você gostou dessa história, não deixe de compartilhar. Ainda é uma área que precisa ser promovida pelo bem daqueles que necessitam de cuidados devido a estomias, feridas ou incontinências.

 

Dra Bratriz F Alves Yamada -PhD, MSN
Estomaterapeuta, Psicoterapeuta

 

obs. Essa é Reedição subtraida do ano passado.

A Revista Estima e Eu – Memórias


“Um parabéns atrasado”…

Essa foi uma mensagem que deixei dia 16/06/18, um dia depois de um aniversário, na minha página do facebook.
O atraso também se deu pela confusão de datas, um certo esquecimento. Justificamos com as tantas ocupações e informações que nos cercam, que muita coisa nos foge das mãos, especialmente quando aquilo está fora de nosso foco.

Estava envolvida com a celebração da Semana de Pelle Sana (10 a 16 de junho), e dia 16 lembrei-me, de súbito, do aniversário da Revista Estima. Por um momento achava que era dia 16. Mas já estava atrasada. Antes tarde que mais tarde, e não fui a única.

Embora essa mensagem esteja na minha fan page do Facebook, quero deixar a mesma aqui, para ficar nas memórias de meu próprio blog, porque essa é uma parte da história da minha vida como estomaterapeuta. Tenho uma tendência a esquecer os fatos. Esse blog foi minha estratégia para registro de minha história profissional, escrita por mim mesma. Quanto a estima, já meio atrasada. Mas, vamos lá. Isso me servirá de fotografia.

Com relação a SOBEST, me dediquei a essa associação de modo muito intenso por cerca de 11 anos. Desses, sete como presidente. Minhas duas gestões foram repletas de muitas conquistas para essa entidade, não apenas pelo meu empenho “quase obstinado”, mas porque foi uma fase onde pude encontrar muitos eus, ou seja, pessoas como eu, que tinham desejo e paixão em cooperar com o desenvolvimento da especialidade.

Ontem, fui dar uma entrevista para a jornalista da SOBEST, Fernanda, para falar sobre a Revista Estima. Fui me lembrando de muitas coisas que já estavam em uma memória do passado. Mas, memória é feita de engramas, basta um fio para ir retornando. Vamos esperar por Fernanda, pois não quero estragar a matéria dela. Deixa eu apenas repetir o que estava no facebook com mais alguns enfeites. E acrescentar essas duas fotos históricas que faziam parte de um painel em meu consultório.

Festa de Lançamento da Revista Estima da SOBEST, durante o I Simpósio Brasileiro de Estomaterapia
15/06/2003. Decoração de Luciene Marinho.

 

Mesa de abertura do Simpósio de Lançamento da Revista, quando também ocorreu a primeira certificação TiSOBEST. Da esquerda para a direita: Vera Gouveia, Euridea Castro, Angela Bocara, Beatriz Yamada, Isabel Umbelina e Noemi Rogenski. A mesa foi compostas pelas presidentes da SOBEST (Beatriz e Noemi) e as coordenadoras dos três únicos cursos de especialização da época, que tiveram principal incumbência entregar os certificados aos titulados.

Isso foi tudo realmente lindo!

Vamos aos finalmente.

 

Parabéns para você, nesta data querida….

 

Quero deixar parabéns para minha segunda filha legítima. Pensada e gestada em 2002, preparada para nascer com muita festa, num grande evento para recebe-la, no dia 15 de junho de 2003. Essa é uma filha que teve mais duas mães legítimas: Leila Blanes e Noemi Rogenski.

Seu nome e todas suas roupas foram dadas pelo Pai: Luiz Carlos Rufo (falecido em 23.03.2010), um artista plástico fenomenal. Que saudade de você. Não tinha o direito de morrer. Você foi meu forte braço direito no projeto de comunicação que encomendamos de suas mãos. Nos deu tudo: nova logomarca, site, novas cores, logomarcas para tantas outras coisas e um boneco da Estima.
A vida é cheia de encontros e surpresas. Quem diria que em seu leito de dor, eu seria a sua estomaterapeuta. Que honra foi a minha, poder usar meu saber aliviar com os cuidados o seu intenso sofrimento e agonia, mas sem perder a serenidade e o sorriso. Por sua causa causa até criamos as mosqueteiras, que depois viraram as mirras.

Estima, você também teve uma fada madrinha, meu braço esquerdo: Luciene Marinho – Lu, seu sorriso de alegria com essa sobrinha era contagiante. Sem você e sua parceria a minha vida como presidente teria sido muito mais complexa.

Não posso esquecer de suas jornalistas: Keila e Viviane, responsáveis pela primeira e e algumas outras edições.
Você também teve muitas tias e padrinhos. Muitos auxiliadores e apoiadores.

Deu muito trabalho, mas o amor por você era tão grande e o desejo de a ver crescer era maior ainda, que tudo bem gastar muitas pestanas para lhe criar.

Foram muitas horas de dedicação de suas mães. Valeu a pena. Você cresceu menina.

Passada a primeira infância, depois de um período de treinamento, a deixamos nas mãos de uma mãe substituta: Vera Gouveia. A partir daí, outras mães dedicadas criaram a menina: Angela Bocara, Gisele Azevedo, Ciliana Antero.

E agora, aos 15 anos de idade, encontrou um pai muito afetivo: Juliano Teixeira. Que bênção foi essa, bem na sua adolescência ter encontrado um pai adotivo que é legítimo. Eu lhe ofereço esse pai porque ele lhe viu nascer e foi contagiado por sua existência. Quem diria que um dia receberia esse título. Coisas de destino? Nem creio em destino, mas alguma costura da vida feita pelo Divino.

Parabéns ESTIMA.
Você cresceu, e está agora uma linda adolescente, com grande personalidade e um exemplo de caráter aos 15 anos de idade.
Espero ver sua maior idade, sem jamais esquecer seus primeiros passos. Sempre desejando que você voe cada vez mais alto.

Acordando da digressão, quero dar parabéns a toda família Sobestiana por esse patrimônio cultural de muito valor.

Minha estima e afeição. E agradecida por ter acreditado que um sonho é possível de se tornar realidade se houver empenho dos sonhadores.

Beatriz F Alves Yamada
Editora Fundadora da Revista Estima. Com: Leila Blanes e Noemi Rogenski.

Nosso Centro de Estudos foi um tributo à admirável Norma Gill

O Centro de Estudos Norma Gill, um serviço da empresa Enfmedic Saúde, foi fundado no ano 2000 visando promover cursos, palestras e pesquisas. Ao longo desse tempo, vem promovendo atividades que colaboraram e continuam colaborando com o aprimoramento de centenas de profissionais e estudantes interessados nos temas úteis para a prática clínica da estomaterapia, entre estes: desbridamento de feridas; podiatria; laser de baixa intensidade e diferentes temáticas no universo dos cuidados especializados com feridas cutâneas e a pele.

Atualmente, nossa ênfase tem sido no curso de capacitação em podiatria clínica, já em sua XXXI edição, bem como a fotobiomodulação com laser e led, fundamental para a prática em podiatria clínica.

Depois que terminar de ler esse texto, clique no link pra conhecer nossos cursos: Cursos IBYamada

Em breve essa nomeação do nosso centro como ‘Norma Gill’ ficará na história da nossa empresa, devido termos assumido uma nova identidade. Todavia, como se aproxima o dia que Norma nasceu, não posso deixar passar em branco um tributo pessoal a essa super mulher, falecida em 25 de outubro de 1998.

Uma breve história de Norma

Norma Gill nasceu dia 26 de junho de 1920, nos Estados Unidos da América, sendo quase impossível esquecer a data do nascimento dela, pois coincide com uma data especial para mim, meu casamento. Assim, sem qualquer planejamento, nossas vidas se cruzaram e eu me indentifiquei profundamente com a causa que ela militava e, por isso, me elegi sua discípula. Mas, para que ela fosse lembrada sempre, em minha gestão como presidente da SOBEST, criamos a Semana Nacional de Estomaterapia nos dias 25 a 31 de outubro. Pela impossibilidade de ajustar pelo nascimento, fizemos pela data de seu falecimento. Já o dia 31, foi em homenagem ao aniversário de outra pessoa precussora da educação em estomaterapia no Brasil, a profa Vera Santos (EEUSP). Digamos que foi a feliz coincidência poder homenagear duas pessoas importantes na minha vida, a mentora de todos os ETs do mundo (Norma) e a minha mentora no Brasil (Vera). Então, a semana poderia ser chamada de Norma-Vera.

Norma Gill foi a precursora da estomaterapia mundial. Uma vibrante mulher, com capacidade ímpar de impressionar, criar e dividir. Sua visão, muito além do seu tempo, possibilitou a criação da estomaterapia, uma especialidade fenomenal e encantadora, assim vista por aqueles que fazem parte dela, presente em todos os continentes, muito embora não esteja em todos os países.

Um vislumbre sobre a estomaterapia

O surgimento da especialidade naturalmente exigiu a criação de entidades que a representasse. Internacionalmente, há o World Council of Enterostomal Therapist – WCET, fundado em 1978, e, nacionalmente, a Associação Brasileira de Estomaterapia – SOBEST, fundada em 1992. Ambas militam com muito ardor e amor, vislumbrando o crescimento da especialidade de maneira sólida e ética.

No Brasil, a educação em estomaterapia tem crescido gradualmente desde sua implantação formal, em 1990, na Escola de Enfermagem da USP, envolvendo desde sua fundação as áreas de estomias, feridas, incontinências e outros temas. Nos dias atuais, existem vários cursos de especializações, localizados em estados das regiões sudeste, sul, nordeste e norte (vide escolas no site), e que, certamente, ainda são insuficientes para atender a demanda que o país possui. Contudo, similarmente a reparação tecidual, cuja proliferação celular é feita de forma temporal e organizada, a construção da especialidade deve ser pautada nos mesmos critérios. Devagar que tenho pressa.

Um pouca da minha contribuição na especialização em estomaterapia

Ao longo de minha vida profissional em estomaterapia (desde 1998), segui nos passos de Norma Gill, que almejava que todas as pessoas com estomias, feridas e incontinências pudessem ser assisitidas por um profissional estomaterapeuta. Mas, para queb isro seja alcançado precisaria investirmento em educação lato senso. Assim, não medi esforço para fazer disso um ideal a ser vivido e espalhado pelo país. Esse dever me impulsionou a ir ao amazonas fundar, juntamente com a colega Selma Perdomo, o I curso de especalização em estomaterapia (2008) no norte do Brasil, no qual ezessete alunos foram formados.

Atualmente o curso é coordenado por um ex aluno (Nilson Bezerra), que agora é professor na mesma universidade (Universidade do Estado do Amazonas). Sementes plantadas, frutos colhidos.

Meu tributo final

Assim, depois desse reviver histórico, é com muita gratidão que deixo meu tributo, outra vez, a esse ser especial – que nunca tive o privilégio de conhecer pessoalmente – que por identificação pude incorporar seus sonhos como meus sonhos.

Mais uma vez deixo escrito: Rest in Peace, Norma. Seus discípulos estão semeando e colhendo muitos frutos. Cada vez mais há pessoas envolvidas com essa área, que podemos muito bem chamar de: um caso pessoal de paixão.

Se você gostou dessa história, não deixe de compartilhar. Ainda é uma área que precisa ser promovida pelo bem daqueles que necessitam de cuidados devido a estomias, feridas ou incontinências.

Deixem também seu comentário.

Dra Bratriz F Alves Yamada – PhD, MSN
Estomaterapeuta, Psicoterapeuta