CORTE DAS UNHAS EM FORMATO RETO?

Sempre que vemos os guias de cuidados com as unhas, a recomendação de regra é:
cortas as unhas em formato RETO.

Isso é realmente válido, pois tem como lógica evitar alterações da curvatura, encravar os cantos das unhas e, também, prevenir traumas durante o corte.

Traumas podem levar a formação de granulomas e infeções, que são verdadeiros riscos para a pessoa com diabetes com perda da sensibilidade. Aliás, essas devem ter as unhas cortadas por um profissional da podiatria.

Sou professora de podiatria clínica há 18 anos e tenho muita vivência clínica. Raramente recebo um cliente com todas as unhas normais (exemplo, vejam essas unhas abaixo, antes e depois do corte).

Sempre que minhas alunas me perguntam sobre esse assunto, eu respondo:

O corte reto da unha é “para quem pode, não para quem quer”.

Unhas com distrofia

Pé esquerdo: antes do corte. Toque para ampliar

 

Unhas com distrofia

Pé direito: antes do corte. Toque para ampliar.


Eu lhe explico bem direitinho.

Em casos de lâmina com curvaturas normais, cortar reto é o correto. Todavia, muitas pessoas já estão com distrofias ungueais, o que impossibilita fazer esse modelo de corte, como os exemplos acima.

Outras, desde cedo, já apresentam formatos nos cantos elevados, arrebitados. O que não permite o corte reto, pois ficarão cantos pontiagudos que serão desconfortáveis durante uso de calçados ou se raspar na pele. Eu chamo esse tipo unha de arma secreta, pois se passar na pele do outro ou de si próprio, riscará e poderá vir a ferir.

Também, verifica-se, na prática clínica, que muitas pessoas idosas, com diabetes ou outras doenças crônicas, possuem as lâminas espessadas e com diversas alterações na sua forma: telha, gancho, caracol, funil. Podendo estar acompanhada de onicomicose, verruga subungueal, queratose subugueal, onicofose e outras onicopatias.

Em tais situações, é inviável fazer o corte reto. Logo, é preciso ajustar o corte, retirando as áreas que estão descoladas, enroladas para baixo. Fazemos um certo ajuste ao formato que está na pele.

Unhas com distrofia

Aqui, a mesma pessoa acima, depois do corte e limpeza. Trabalho realizado por aluna do curso de podiatria, turma 59, julho 2023.

 

Quais as soluções para corrigir?

Quando possível, realizam-se os procedimentos de correção das lâminas com aplicação de órteses ou outras formas de barreira lateral, como os artefatos para o afastamento das pregas. E vamos esperar que a boa vontade da biomecânica possa ajustar e voltar a normalidade. Sempre é possível melhorar os pés.

Bem, agora que você já entendeu que nem sempre é possível realizar cortes retos, explique aos seus pacientes.
E vamos cuidar dos pés desde cedo para polpar o que for possível lá adiante.

Nossos pés são muito importantes. Eles nos sustentam o dia inteiro e nos conduzem pela vida. Vale a pena cuidar bem deles.

Precisando, aqui estamos nós. Se for fora na minha região, uma busca na internet sempre poderá achar muitas das enfermeiras
que tive o privilégio de ser mentora. Em Teófilo Otoni, clique aqui.

E vivam os pés saudáveis!

Com apreço,

Dra Beatriz F A Yamada – PhD
Enfa Estomaterapeuta e Dermatológica
Expertise em PodiatriCare

SÉRIE TECNOLOGIAS PARA FERIDAS: O ALGINATO

Continuando nossa série sobre tecnologias, vamos ao mago das águas, o Super alginato. Salvador dos marinheiros. Essa substância é usada para muitos propósitos, não sendo exclusividade do universo das feridas. Siga lendo e veja que conteúdo legal. Deixe seus comentários ao final.

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De onde vem o alginato?

 

O ácido algínico e seus sais, extraídos de algas marinhas, têm sido utilizados para vários propósitos comerciais tais como1:
estabilizante e espessante na indústria alimentícia (estabilizar a espuma da cerveja e controlar a viscosidade de sopas e molhos de saladas);

  • alimento de animais e peixes;
  • fertilizante agrícola;
  • preparações tópicas e soluções orais como laxantes e antiácidos;
  • adjuvante na fabricação de vacinas e componentes de moldagem na odontologia, entre outros.

No tratamento de feridas, suas propriedades curativas são conhecidas há vários séculos, sendo tradicionalmente denominadas como “a cura dos marinheiros”.1 Porém, foi somente em 1881, que o químico britânico Standford extraiu o ácido algínico.2 A fibra que se produzia na época era usada, principalmente, na indústria têxtil, sendo somente uma pequena parte aplicada em cirurgia e feridas. 1

Morgan, 1996,1 numa revisão da literatura referente ao alginato, constatou que foi somente a partir de 1948 que inúmeras publicações foram realizadas sobre sua aplicação em feridas de diferentes etiologias, ressaltando-se suas propriedades como agente hemostático tanto para prevenção quanto para controle de hemorragia e, bem como sua aparente ausência de toxicidade.

Na década de 70, o alginato passou a ser produzido sinteticamente, todavia devido aos custos elevados para essa produção, limitou-se a sua utilização por quase uma década. Com o avanço nas técnicas de produção e na melhor compreensão do processo de reparação tecidual, a partir da década de 80 ressurgiu o interesse por essa tecnologia, sendo a marca Sorbsan® a primeira a ser comercializada, em 1983.1

O alginato tem sido uma cobertura amplamente usada até os dias de hoje, e diversas marcas foram desenvolvidas a partir de então, com variação da sua composição na quantidade de ácido manurônico e gulurônico e dos íons de cálcio e sódio.

Existem quatro principais grupos de algas marinhas (verde, azul, vermelha e marrom). Os alginatos acontecem naturalmente como uma mistura de sais de ácido algínico encontrada principalmente na forma de sódio em certas espécies de algas marrons denominadas Phoeophyceae (feofíceas), incluindo: Macrocystis pyrifera (sargaço gigante); Laminaria digitata (sargaço rabo de cavalo); Laminaria Saccharina (sargaço doce). O rendimento da produção de alginato é de 20 a 25%, dependendo da espécie.1

A alga que é usada para produção de curativos é coletada principalmente das águas do arquipélago Hebrides, localizado na costa oeste da Irlanda, mas também de muitas outras costas marinhas ao redor do mundo.1

A estrutura do ácido algínico consiste na união de cadeias lineares de resíduos de ácido manurônico e do ácido gulurônico arranjados em blocos lineares. A proporção dos ácidos varia de uma espécie para outra. O alginato rico em ácido gulurônico forma um gel forte, mas quebradiço, enquanto o curativo rico em ácido manurônico é mais fraco, porém mais flexível. Esta proporção é importante, pois afeta a estrutura do polímero, por conseguinte a reologia, a formação do gel e a propriedade de troca de íons.1

Ao analisar as marcas de placas de alginato, verifica-se uma variabilidade das proporções dos ácidos e dos íons. Alguns possuem somente cálcio, outros cálcio e sódio. Todavia tanto as bulas quanto a própria literatura sobre feridas não são suficientemente esclarecedoras quanto ao processo realizado industrialmente.

 

O processo de fabricação

Para a fabricação da fibra de alginato é realizada uma reação de troca iônica.
A extração da alga marinha é feita com a utilização de diluentes de base alcalina, resultando na formação de um pó de alginato de sódio que, por ser solúvel em água, transforma-se numa solução coloidal viscosa. Essa solução é passada por um fino orifício para uma banheira que realiza movimentos giratórios, contendo íons de cloreto de cálcio. Assim, as fibras são precipitadas em alginato de cálcio insolúvel, sendo essa uma reação de decomposição dupla simples.1

Uma reação reversa ocorre quando as fibras de alginato de cálcio são colocadas em uma solução contendo excesso de íons de sódio. Os íons de cálcio das fibras são trocados por sódio e, assim, o material torna-se solúvel. Deste modo, quando em contato com o soro plasmático ou com o exsudato da ferida, o alginato de cálcio, que é insolúvel, é parcialmente convertido para um sal de sódio solúvel. Um gel hidrofílico é então formado sobre a ferida promovendo um meio úmido ideal para a reparação tecidual, e uma troca de curativo sem dor.1

 

A indicação para feridas

O alginato é uma cobertura absorvente, conseguindo reter de 15 a 20 vezes seu próprio peso em exsudato.1 Assim sendo, deve ser aplicada em feridas que apresentem exsudação moderada a elevada. Seu uso é indicado em feridas de diversas etiologias, sejam superficiais ou profundas, agudas ou crônicas, sangrantes ou não, com ou sem infecção. Com relação às feridas infectadas, escolher àqueles associados com antimicrobianos, pois terão melhor efetividade no tratamento.

O alginato pode estar associado a outras formulações como hidrogéis, hidrocolóides e colágeno. Sua apresentação também pode ser em pó, todavia a mais usual é em fibra, em forma de tira ou placa.

Quando na utilização em fibra, a recomendação de troca varia entre três a sete dias no máximo, ou quando estiver saturado. Ressaalta-se que dificilmente durará sete dias, dada sua principal indicação.

Em feridas altamente exsudativas, poderá durar menos que 24 horas, devendo o profissional avaliar adequadamente essa variável para determinar a periodicidade de troca.

Na prática, ao ser o exsudato transferido para o curativo secundário significa a saturação da fibra. A sua aplicação em feridas com baixo volume de exsudato provocará aderência completa no leito da ferida, ocasionando dor e perda da função do curativo.

Com relação às propriedades hemostáticas do alginato, é a presença do íon de cálcio que contribui no desencadeamento e evolução da via intrínseca da cascata de coagulação e, consequentemente, no controle do sangramento.

Existem muitas marcas no mundo e no Brasil que possuem essa tecnologia, que também tornou-se muito comum.

Espero que você aprecie, deixe seus comentários e encaminhe para a rede social de alguém.

Meu apreço a você que chegou até aqui e leu.

Dra Beatriz Farias Alves Yamada

Enfermeira (graduada em 1989) Estomaterapeuta e Dermatológica
Doutora e Mestre em Enfermagem pela EEUSP
Pós-graduada em Aromaterapia
Pós-graduanda em Ozonioterapia
Escritora, palestrante, professora
Empresária, proprietária das empresas byCorpus e IBYamada

 

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Referências

  1. Morgan D. Alginate dressings. Journal of tissue vaibility 1996; 7 (1).
  2. Standford E. On algin: a new substance obtained from some of the commoner species of marine algae. Chemistry News 1883; 47: 254-257. In: Morgan D. Alginate dressings. Journal of tissue vaibility 1996; 7 (1).

OBS: no material original, contribuíram comigo as enfermeiras: Cláudia Cristine de Souza Gonçalves; Maria Gabriela Secco Cavicchioli; Kelly Cristina Strazzieri Pulido; Rosangela Aparecida de Oliveira; Suely Rodrigues Thuler.
Acréscimos foram realizados nesse conteúdo atual.

SÉRIE TECNOLOGIAS PARA FERIDAS: O HIDROCOLOIDE

Tive a ideia que fazer uma séria chamada TECNOLOGIAS para feridas quando encontrei um arquivo com um material já produzido, tempos atrás. Já que tenho esse blog, considero que será mais útil aos profissionais terem esse material publicado aqui. Assim, farei a partilha dele por temas. Esse primeiro será sobre o hidrocoloide, o grande precursor das tecnologias.

A elaboração do conteúdo foi feita a partir da experiência clínica e da leitura das bibliografias abaixo, consultadas à época.

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Vamos lá saber mais sobre essa tecnologia tão presente em nossas vidas como especialistas?

O que é um hidrocolóide (HDC)? Hidrocolóide é a junção dos termos hidro + colóide que, misturadas com água, formam géis.

Os principais hidrocolóides encontrados nas tecnologias

Carboximetilcelulosepolímero solúvel em água obtido por meio da ação do derivado sólido do ácido cloroacético sobre a celulose alcalina. Age como espessante. Nos curativos sua principal função é hidratação.

Pectinacarboidrato purificado hidrossolúvel e absorvente, proveniente da parede celular das plantas, em contato com água a absorve tornando-se um gel.

Gelatina proteína purificada hidrossolúvel, branca ou levemente amarelada, cujo odor e sabor são pouco pronunciados. É obtida pela hidrólise parcial do colágeno da pele e dos ossos de animais.

 

As apresentações de coberturas feitas a partir de hidrocoloides e seu modo de usar

A apresentação de curativos com HDC s pode ser em placa, fibra, gel, pasta e pó e essa versatilidade permite utilizá-los em feridas superficiais ou profundas, de diferentes etiologias, com ou sem presença de necrose, infectadas (desde que haja antimicrobiano) ou não e em qualquer fase do processo de reparação, desde que a escolha seja norteada pela situação do leito da ferida, a saber, tipo de tecido, volume de exsudato, condição microbiana e também a situação da pele ao redor.

Nas feridas mais planas há mais versatilidade para selecionar qualquer uma das apresentações, desde que guiado pelo tipo de tecido e volume de exsudação. Naquelas com cavidades preenche-se com pasta ou fibra, e nas secas aplica-se o gel. Cuidado deve ser tomado na aplicação das placas aderentes em epitélios recém-formados, pois podem ser removidos no momento de sua retirada. Em feridas infectadas devem ser indicados apenas aqueles hidrocolóides acrescidos de substâncias antimicrobianas.

O hidrocolóide em fibra, mais conhecido como hidrofibra, é formado somente da carboximetilcelulose e tem como grande vantagem proteger a pele ao redor da ferida da maceração devido a sua propriedade de absorção vertical do exsudato, e ter apresentação com e sem antimicrobiano, ou seja prata. Como desvantagem, dor e traumatismos podem ocorrer caso haja aderência da fibra nas margens da ferida. Isso acontece devido ao menor volume de exsudato nessa interface e, como prevenção, pode-se umedecer esse perímetro com uma barreira oleosa de ácidos graxos essenciais, por exemplo.

Com relação ao exsudato, a apresentação em fibra é a mais versátil, pois, desde que tomados os devidos cuidados, pode ser indicada em presença de exsudação baixa a excessiva. Assim, quando aplicada naquelas com baixo volume é imperativo ser previamente umedecida, caso contrário produzirá ressecamento e aderência no leito. Nesse caso usar somente se não houver outra alternativa nos arsenais das tecnologias.

A fibra absorve o exsudato prendendo na sua estrutura as bactérias nele contidas. Também se conforma com o formato da ferida, promovendo um meio gelatinoso, similar a uma placa de hidrogel que, acredita-se, facilitar a reparação. Sua alta capacidade de absorção diminui as trocas, reduzindo custos com o tratamento e deixando a ferida seguir seu curso sem frequentes interrupções do processo de reparo. A apresentação com a prata executa seu papel bactericida na própria cobertura.

A apresentação de hidrocolóide em placa, composta externamente por filme ou espuma de poliuretano atua como uma barreira física impermeável aos líquidos, gases, vapores e microorganismos. Esse isolamento do ar atmosférico mantém a temperatura em torno de 37ºC, ideal para o crescimento celular, e provoca hipóxia no leito da ferida, estimulando a angiogênese e, adversamente a hipergranulação.

Os hidrocolóides em placas possuem também materiais adesivos sensíveis à pressão, cuja adesão inicial é maior que algumas fitas adesivas. Depois da aplicação, a absorção do vapor d’água transepidérmico modifica essa aderência aumentando-a mais ainda no decorrer do seu uso. Essa aderência não ocorre no leito da ferida devido à absorção do exsudato e consequente formação de gel.

Ao indicar-se as placas adesivas de hidrocolóide seleciona-se um tamanho de tal maneira que seja deixada uma margem de segurança de 1 a 2 cm para promover uma boa aderência na pele íntegra. O mesmo princípio deve ser considerado na utilização da fibra, pois na medida em que o exsudato é absorvido ela encolhe.

As placas adesivas podem ser classificadas como coberturas primárias (contato direto com o leito) ou secundárias (colocada acima da primária). As demais apresentações são todas primárias, necessitando sempre de uma cobertura secundária.

Comercializados em vários tamanhos, formatos e espessuras, as apresentações em placa adesivas e em fibra podem ser recortadas. Mas placas quando cortadas podem necessitar de ajuste com outra tecnologia como filmes de poliuretano ou fitas adesivas.

Os curativos de hidrocolóides podem permanecer na ferida até sete dias ou até quando houver sinais de saturação, mas sua permanência está intimamente relacionada ao volume de exsudato presente na ferida e a apresentação. Quando os curativos não são trocados a intervalos apropriados, pode ocorrer maceração da pele peri-ferida, exceção se faz a apresentação em fibra, que possui absorção vertical, como referido anteriormente.

Com relação à contra-indicação, os curativos de hidrocoloides placas adesivas convencionais (sem adição substância para controle microbiano) não devem ser aplicados em feridas infectadas, especialmente por anaeróbios, por favorecerem um meio ideal para a proliferação de microorganismos. Além disso, devem ser evitados por pessoas alérgicas aos componentes do produto. Ressalta-se que na presença de infecção sejam usadas as apresentações com presença de antimicrobiano.

As barreiras para uso nos dispositivos são feitos de hidrocoloides também. Aliás, é daí que tudo nasceu e foi derivado para as lesões de pele aguda e crônica.

Hidrocoloides podem ser usados até em recém-nascidos pré-termo. As apresentações extrafinas são bem adotadas para proteção em áreas de fixação de tubos, cateteres etc.

Existem muitas marcas no mundo e no Brasil que possuem essa tecnologia. Tornou-se muito comum.

Espero que você aprecie.


Dra Beatriz Farias Alves Yamada

Enfermeira (graduada em 1989) Estomaterapeuta e Dermatológica
Doutora e Mestre em Enfermagem pela EEUSP
Pós-graduada em Aromaterapia
Pós-graduanda em Ozonioterapia
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Referências Consultadas

Moderno dicionário da língua portuguesa [on line]. São Paulo: Editora Melhoramentos Ltda; 2007. Disponível em <http://michaelis.uol.com.br> em 07 de dezembro de 2007.

Borges EL, Saar SRC, Magalhães MBB, Gomes FSL, Lima VLAN. Feridas: como tratar. Belo Horizonte: Coopmed; 2008.

Dealey C. Cuidando de feridas: um guia para as enfermeiras. São Paulo: Atheneu Editora; 2001.

Bryant RA. Acute and chronic wounds: nursing management. 2nd ed. St Louis: Mosby; 2000.

Silva AA. Carboximetilcelulose. [on line] Apresenta ficha técnica do produto. São Paulo: Minérios Ouro Branco Ltda. Produtos Químicos; 2004. Disponível em: <http://www.ourobranco.com.br/produto.php?id=35&&lingua=pt> em 07 de dezembro de 2007.

Plury Química. Carboximetilcelulose. [on line] Apresenta ficha técnica do produto. São Paulo: Plury Química Ltda. Área alimentícia; 2006. Disponível em: <http://www.pluryquimica.com.br/pdf/Carboximetilcelulose%20-%20CMC%205000.pdf> em 07 de dezembro de 2007.

Bajay HM, Jorge SA, Dantas SRPE. Curativos e coberturas para o tratamento de feridas. In: Jorge SA, Dantas SRPE. Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas. 1ª ed. São Paulo: Atheneu; 2003. p. 81-99.

Worley CA. So, what do I put on this wound? Making sense of the wound dressing puzzle: part II. Dermatol Nurs 2005; 17(3):204-5.

La página de Bedri. Pectina. [on line] Apresenta o que é pectina, seus tipos e efeitos. Principado das Astúrias: La pagina de Bedri. Libreta de apuntes; [s.d.]. Disponível em: <http://www.bedri.es/Libreta_de_apuntes/P/PE/Pectina.htm> em 07 de dezembro de 2007.

[seminário on line]. Rio Grande do Sul: UFRGS; [s.d.]. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/Alimentus/ped/seminarios/geleificantes.doc> em 04 de dezembro de 2007.

Obs: no material original contribuíram comigo as enfermeiras: Cláudia Cristine de Souza Gonçalves ; Maria Gabriela Secco Cavicchioli; Kelly Cristina Strazzieri Pulido; Rosangela Aparecida de Oliveira; Suely Rodrigues Thuler.
Acréscimos foram realizados nesse conteúdo atual.

Por que OSTOMIA está errado?

Nossa tendência é acreditar no que lemos e ouvimos. Mas, por vezes, existem erros coletivos que vão sendo passados de geração em geração, sem serem questionados. O mundo está cheio disto. Vez por outra, crenças caem por terra, inclusive na ciência. Claro! A ciência é feita por humanos, e humanos erram. Eu erro, todos erramos. Não é mesmo?

Assim acontece com termos. Um exemplo:
⤵️
chamamos Sonda Vesical de Demora. Isso é errado. Sonda não tem abertura interna, logo, a urina não irá passar. O certo é cateter vesical de demora. Idem para nasogástrica. Mais um: sonda de gastrostomia, para o que deve ser tubo/cateter. E assim vai…

Outra questão é que assumimos termos de outras línguas sem verificar se temos como incorporar em nossa língua materna daquele jeito. Na verdade, nem prestamos atenção, vamos falando, escrevendo e vai ficando popular.

Isso ocorre com o termo OSTOMIA. Importamos no passado da literatura inglesa. E lá se usa OSTOMY. Não me pergunte se eles estão certos. Mas foi bem fácil traduzir, bastou mudar o Y pelo IA. E assim fomos levando a vida: ensinando, publicando, dando nome às instituições. Inventamos também o ostomizado (que também não existe na língua portuguesa).

Deixa eu contar uma história. Um dia li um artigo mostrando inúmeros erros que cometemos na terminologia usada na medicina. E eis que lá está a OSTOMIA. Isso foi 2004, eu era presidente da SOBEST, e tudo nosso era ostomia, claro!

O que fazer? Buscar uma entidade que entendesse bem de nossa língua para um parecer. E assim foi feito. Recebi a resposta da razão pela qual ostomia não estava certo, sendo o correto: ESTOMIA, ESTOMA e ESTOMIZAR (vide fotos abaixo).

Simples: stóma vem do grego. Em português antes de /st/ se coloca /e/. Ao se acrescentar o sufixo /ia/ tem-se, então, a estomia: uma boca.

Então, definindo livremente, estomia é uma boca (abertura) feita em algum órgão (ou parte dele) oco de nosso corpo para o ambiente externo, geralmente para eliminação, mas também para alimentação (quando estômago e jejuno).

Uhumm! Agora fica simples o quebra-cabeça. Pegam-se os prefixos das áreas a serem abertas (traqueo, gastro, ileo, colón, pleura, vesico, uro…) e criam-se os termos.
⤵️
Traqueo+stom + ia = traqueostomia
Colo+stom + ia = colostomia
gastro +stom + ia = gastrostomia

E estomaterapeuta? estoma + terapeuta = terapeuta estomal. Essa é a origem. Hoje, uma ET atua além das estomias, pois foram acrescentadas outras áreas de atuação, a saber: feridas agudas e crônicas, incontinências, fístulas, tubos e drenos. Ahhh, não existe ostomatoterapeutas ou estomoterapeutas.

Nas fotos das figuras 1 a 3, estão documentos do e-mail original que encontrei de minha comunicação com um lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras na época.
⤵️
Fazendo uma limpa nas minhas pastas, o achei, já amassado. Creio que amassei para descartar, me arrependi e devolvi para uma pasta. O que foi bom, pois não tenho mais esses E-mails em meu computador. E esta é uma prova viva das mudanças que foram necessárias fazer daí para frente, tais como: mudança de estatuto da SOBEST, logomarcas, conteúdos diversos.

As as associações das pessoas com estomias mativeram-se como eram, porque havia receio de perdas de direitos. Mas, nós profissionais procurarmos ser respeitosos com nossa própria língua, pois errávamos pela ignorância.

O que aprendi? Temos que ser mais curiosos e investigadores. E respeitar a nossa língua materna. Embora a língua seja dinâmica, existe sempre uma gênese.

Está errado escrever OSTOMIA porque não está em concordância com nossa querida língua portuguesa. Também não existe a palavra ostomizado, podendo ser criado o estomizado. Mas o melhor é pessoa com uma estomia.

Abaixo documentos originais

Figura 1. Esse foi o email que enviei à Academia via canal de perguntas.

Figura 2: resposta do Lexicógrafo-Chefe, Sergio Pachá
Figura 3: nova comunicação sobre estomizado.

Texto elaborado por:

Dra Beatriz Farias Alves Yamada
Enfa Estomaterapeuta
Presidente da SOBEST nas gestões de 2002 a 2008.

Exercícios para flexibilidade e saúde dos pés

Você tem joanete, dedos em martelo, dor plantar e câimbra nos dedos ou pés? Uma boa dica são esses exercícios para aumentar a flexibilidade dos pés.

Todos esses exercícios foram originalmente propostos pela American Orthopaedic Foot and Ankle Society1. Como alguns deles já não constam mais no site, usamos outra referência2.

Realizamos tradução de modo livre e adaptamos a redação para melhor compreensão das orientações em nosso contexto.

Nosso interesse é estritamente educacional, a fim de promover a saúde dos pés, especialmente das pessoas com diabetes pois, ‘a cada 20 segundos, uma pessoa com diabetes perde o pé em algum lugar do mundo”3, e tudo pode começar com um pequeno trauma. Por isso, não recomendamos que o último exercício proposto (andar na areia) seja realizado por pessoas com perda de sensibilidade dos pés.

É importante ser cuidadoso com os exercícios usando os elásticos. A sensação deve ser apenas de puxar e não deve causar nenhuma dor2.

Se encontrar alguma limitação para realizar os exercícios, não desista. Sugerimos persistir, indo devagar e sempre, pois temos certeza que fazer alguma coisa será melhor que não fazer nada.

Realizar cada exercício de três a quatro vezes ao dia, começando pela manhã, ao sair da cama2.

Aproveitamos para deixar nossas dicas de cuidados com pele e unhas:

  • Caprichar na higiene e na hidratação da pele, para evitar ressecamentos e lesões.
  • Para respeitar fisiologia da barreira da pele, usar sabonete líquido com pH levemente acidificado, por ser muito importante para proteção contra microrganismo.
  • Manter a pele entre os dedos sempre seca.
  • Cortar adequadamente a unhas. Se necessário, buscar um profissional capacitado, como os enfermeiros atuantes na área de podiatria.

Desejamos muita saúde e que seus pés lhes conduzam aos seus sonhos.

Dra Beatriz F Alves Yamada – PhD, MS, ET – COREn-SP 49.517


Exercícios com Instruções e Recomendações

A. Dedos elevados, na ponta e curvados

São três exercícios em posições diferentes, feitos sentado ou em pé.
No primeiro, deve posicionar o pé no chão e elevar o calcanhar para apoiar somente a ponta dos pés. No segundo, precisa erguer o pé e apoiar somente a ponta dos dedos. Para o terceiro, é necessário apoiar todos os dedos, pelo peito (dorso) do pé, e curvá-los, fazendo um arco.
Segurar cada posição por 5 segundos.
Repetir cada posição 10 vezes.

Recomendado

Para pessoas com dedos em martelo ou que sintam câimbras nos dedos.

B. Apertando os dedos

Colocar um material macio, em formato cilíndrico, entre os dedos dos pés (Ex. cortiça, esponja, algodão ou tecido). Apertar os dedos para tentar fechá-los.
Segurar por 5 segundos.
Repetir 10 vezes.

Recomendado

Para pessoas com dedos em martelo ou que sintam câimbras nos dedos

C. Puxando os dedões

Encaixar um elástico grosso no dedão (hálux) de cada pé. Puxar o elástico em direção ao dedinho (5ª dedo) de cada pé. Segurar essa posição com o elástico esticado por 5 segundos.
Repetir 10 vezes.

Recomendado

Especialmente para pessoas com joanetes ou que sintam câimbras nos dedos.

D. Puxando os dedos

Encaixar um elástico grosso em volta de todos os dedos de cada pé. Afastar os dedos e segurar essa posição esticando o elástico por 5 segundos.
Repetir 10 vezes.

Recomendado

Especialmente para pessoas com joanete, dedos em martelo ou que sintam câimbra nos dedos.

E. Rolando com a bola

Colocar uma bola de golfe ou tênis em baixo dos pés (poderá substituir por um rolo de massa de cozinha). Rolar a bola ou o rolo com o arco do pé para frente e para trás, por 2 minutos.
Esse exercício será uma ótima massagem para a sola dos pés.
Procurar fazê-lo sentado. Com a evolução, se sentir-se seguro, fazer em pé.

Recomendado

Especialmente para pessoas fascite plantar (dor no calcanhar), tensão no arco plantar e câimbra nos pés.

F. Enrolando a toalha

Sentar com os dois pés apoiados no chão. Colocar uma toalha pequena no chão, à sua frente. Pegar o centro da toalha com os dedos dos pés e enrolá-la em sua direção, fazendo um arco no pé.
Relaxar e repetir o exercício 5 vezes.
Fazer um pé por vez.
Poderá aumentar a resistência colocando um peso na ponta da toalha.

Recomendado

Especialmente para pessoas com dedo em martelo, câimbra nos dedos e dor na parte superior da da sola pé (o coxim abaixo dos dedos).

G. Pegando bolinha de gude

Sentar com os dois pés apoiados no chão. Colocar 20 bolinhas de gude no chão, à sua frente. Usando os dedos dos pés, pegar uma bolinha de cada vez e colocar numa vasilha.
Repetir o exercício até pegar todas as bolinhas.

Recomendado

Especialmente para pessoas com dedo em martelo, câimbra nos dedos e dor na parte superior da da sola pé (o coxim abaixo dos dedos).

H. Andando na areia

Sempre que tiver oportunidade, tirar os sapatos dos pés e andar na areia da praia. Ela irá massagear os pés e fortalecer os dedos.

Recomendado

Exercício bom para o condicionamento geral do pé. Cuidado com vidros ou objetos cortantes.

Adicionado

Não recomendamos pessoas com perda de sensibilidade andar de pés descalços em nenhum lugar.

Fontes:

  1. https://footcaremd.org/resources/how-to-help/how-to-keep-feet-flexible/ (acesso em 04/12/2020)
  2. https://www.passionpodiatry.com/single-post/Lower-Limb-Exercises (acesso em 04/12/2020)
  3. https://iwgdfguidelines.org/ (acesso em 04/12/2020)

Revisão da ortográfica: Débora Pacheco

PERSONA BRILHANTE: rede nacional de empreendedores

“Uma andorinha sozinha não faz verão”.


Sim, não faz mesmo porque ela não dará conta de voar. Um grupo de andorinhas revezam-se para poupar energia e chegarem juntas ao destino.

No universo humano menos ainda fazer algo sozinho, porque dependemos de uma cadeia de serviços para realizar qualquer atividade.

Nessa pandemia, muitos sofreram grande impacto econômico, emocional e de outras esferas. A resultante disso ainda não temos como medir, mas sabemos que o mundo não será o mesmo.

Em tempos de crise valem muito a velhas frases: “união faz a força” – “vamos dar as mãos” – “juntos somos mais fortes” e tantas outras de efeito mental. Vale muito a criatividade. Todavia, a ação e a proatividade valem muito mais. Nada de cruzar os braços, pois é preciso arregaçar as mangas e ir em frente.

Pensado em tudo isso, duas “Almas Empreendedoras” uniram-se novamente. Já tivemos muitas experiências exitosas juntas. Uma delas foi darmos à SOBEST grande visibilidade nacional e internacional, uma sede, uma revista, um caixa com fluxo adequado, entre tantas conquistas em grupo.

Sim, nesses meus anos presidindo essa entidade, a SOBEST, fora do rol dos membros, Luciene Marinho foi uma das minhas grandes parceiras. Tínhamos uma paixão muito grande por tudo aquilo. Aprendemos demais, inclusive o que não mais fazer.

Há outra pessoa que jamais esquecerei, Luis Carlos Rufo (in memoriam). Luis era uma fonte de inspiração.
Rufo nos nominava como personas. “Você é uma persona”. De verdade eu era tímida demais para assimilar isso. Luciene era mais tímida que eu, gostava dos bastidores. E nessa, deixamos lá pela gaveta esse título que nos foi outorgado pelo amigo.

Luciene e Rufo foram meus parceiros concomitantes, e cada um com uma atividade distinta. Darei uma pausa no que eu estava escrevendo sobre o “Persona Brilhante” para poder registrar um pouco sobre a história do Rufo. Continue lendo pois mais a frente você entenderá a minha razão.

Um pouco sobre o Rufo

Rufo era jornalista e artista plástico. Uma pessoa erudita, gostava de comer doce bicho de pé, era intrigante e também temperamental. Tínhamos nossos “pegas” comuns de trabalho. Como bom artista, não gostava de ter sua arte “modificada”. E como uma tomadora de serviços, queria dar meus pitacos. “Rufo, eu sou a presidente”. Não tenho como não sorrir ao me lembrar disso nesse momento, porque na verdade tínhamos nossas semelhanças. Ele logo aprendeu que tinha que trazer vários modelos de artes e capas, uns feios no meio do belo. Pois me apresentando os feios primeiro, ele sabia que o que ele realmente queria apresentar, era aquele que iria chamar meus olhos e do nosso grupo. Garoto esperto.

O mais das vezes, nossa convivência era maravilhosa. E eu amava ir ao atelier dele papear assuntos da vida, era meio filósofo. Infelizmente, esse amigo morreu muito cedo, o câncer o levou em 23/03/2010. E na fase em que estava doente, tive a honra de ser sua estomaterapeuta. Ele que tanto fez pela estomaterapia, esse o mínimo por ele. Foi tão generoso, que numa das vezes aceitou até as alunas da estomaterapia da EEUSP, que estavam fazendo estágio na época em minha clínica, cuidarem junto comigo. Tempos depois, debilitou-se demais, e pude ir atendê-lo em casa, já emagrecido, gravemente enfermo, com muita dor, com lesões por pressão no corpo. Diante disso, levei-lhe um colchão de dry floation, isso foi suficiente para melhorar demais sua dor. Não esqueço disso: “dormiu horas a fio”, me relatou sua esposa depois. Muito querido, ainda nos deu mudas de plantas, num momento quando fui lá com outras amigas significativas para ele. Pouco tempo depois, ele faleceu. Eu estava em viagem, não pude ir vê-lo e dizer adeus. Mas pude tê-lo em vida por muitos momentos, isso está gravado no meu coração e também da Luciene Marinho.

Voltando ao Persona Brilhante

Bem, agora que você já entendeu o meu amor fraterno pelo Rufo, essa paixão também está no coração da minha parceira nesse negócio, Luciene Marinho. Ela também cultiva uma linda história de amizade por ele. E ele é um elo entre nós, e será um óleo essencial de limão siciliano misturado com alecrim. Não havia melhor pessoa para eu convidar a ser parceira nesse projeto, que inicialmente iria se chamar Mente Brilhante. Um pouco de toró de ideias, mudamos para Persona Brilhante e instantaneamente deu liga, por sentimos a mesma emoção. E essa emoção nos levou a novos engramas, nosso amigo Rufo.


Pois bem, usando nossos talentos como empreendedoras, queremos realizar uma rede de empreendedores brilhantes. E brilhantes para nós têm um sentido especial. Não estamos falando exatamente de ganhos financeiros. Estamos falando daquelas personalidades que sabem transformar sua realidade de modo criativo e leal.

Luciene tem outra grande paixão e parceiro de empreendimentos que nos deixou recentemente, Marcelo Chanes, um enfermeiro brilhante. Ele também será mais um elo nessa nessa rede que está se formando nesse país, num momento onde tivemos nossas personalidades marcadas por um vírus impostor.

Foto para marcar a história. A esquerda, Luciene Marinho. A Direita, Beatriz Yamada

Trazendo Rufo para essa história, pelo amor que desenvolvemos por ele, criamos essa identidade Persona Brilhante – no dia 27 de setembro, por vota das 19h, sentadas num restaurante do shopping Continental – assumimos no auge de nossa maturidade àquela sincera percepção de nosso amigo de que somos personas. Para marcar nosso acordo, fizemos essa foto do jeito que estávamos, cara limpa.

Nosso sonho nesse projeto? Ajudar na visibilidade de outras personalidades brilhantes.

Com muito gosto.

Quem sou eu?

Sou Beatriz Farias Alves Yamada, CEO do Instituto Beatriz Yamada e byCorpus (enfermeira, psicóloga e Coach. Mãe, mulher, empresária, escritora, professora, líder de opinião. Sonhadora e realizadora…)

Realizando uma aliança empresarial com quem?

Luciene Marinho, CEO da Expansão Eventos (Administradora de Empresas, Empresária, idealizadora, mega otimista, criativa, influenciadora, realizadora…)


Acompanhe nosso perfil no instragram: https://www.instagram.com/personabrilhante/

Junte-se a nós.

PodiatriCare nas mãos – um caso de unhas verdes

Os cuidados podais, como próprio nome diz, têm seu foco nos pés. Contudo, as mãos demandam os mesmos cuidados pois têm pele e anexos. Contaminação por fungos, bactérias e vírus acometem as unhas das mãos, assim como lá no seu extremo, os pés.

Quero compartilhar essa situação porque é importante à saúde. As mãos vão à todos os lugares do corpo, incluindo à boca para se alimentar. Precisa estar limpa e saudável.

Esse relato não se trata de uma apresentação científica, mas um registro do que foi visto e feito em uma pessoa num atendimento social durante o treinamento de enfermeiros no curso de aperfeiçoamento em podiatria.

A senhora idosa nos permitiu fazer a fotografia. A chamaremos de T.

Ela não sabia sua idade, pediu que tentasse adivinhar, dizia ter uns 70, ela havia perdido seus documentos. Isso não importa aqui a idade em si, era já um tanto idosa. Eu aposto mais que 70 anos.

Dona T. tem uma doença de pele (pênfigo bolhoso – sic) que judia seu corpo, as bolhas crescem e rompem, ela se coça e se fere, as moscas ficam cercando.

Veio para atendimento podiátrico de andador, com passos muito lentos trazida por seu responsável. Ela estava com muita vontade de fazer a “manicure”. Tudo bem, explica-se que se trata de enfermeiros fazendo podiatria clínica. Um aprendizado para ela.

Na avaliação (26.11.19)

Quando meus olhos viram suas unhas das mãos e algumas dos pés com essa coloração, me lembrei de outros casos de unha de cor verde que tratei. Não temos como diagnosticar, e nem nos cabe isso como enfermeiros, contudo o odor que exalava na manipulação é inconfundível. Ofendeu o nariz a ponto de passar pela luva às mãos da enfermeira Fernanda Lopes, a colega que estava colaborando comigo no treinamento e realizou o procedimento de uma das mãos no primeiro dia. Foi preciso dar um jeito nas mãos Fernanda depois (nada que melaleuca não resolva).

Esse caso foi o primeiro da enfermeira Izabel Kariny, que foi designada, pelo além, para atender (eles escolhem onde sentar). Foi muito trabalhoso, levou mais de duas horas para conseguir realizar todo procedimento, porque eram as mãos e os pés. Valeu a primeira experiência da Izabel em podiatricare já com caso mais raro. Depois desse, ela nunca mais “fará vistas grossas” às unhas de nenhum paciente. Seu trabalho ficou muito bom, tudo cortado e higienizado para fazer a terapia fotodinâmica (TFDa). TFDa é uma terapia antimicrobiana fundamental na prática da podiatria clínica.

Aspecto da unha da mão esquerda

Mão esquerda depois do desbridamento

Enfa Izabel atendendo seu primeiro caso, dona T.

Intervenção da PodiatriCare

Na hora de atuar com esses casos, saber que “bicho” tem nas unhas é o de menos, porque o cuidado é o mesmo e fazemos o que sabemos.

  1. Higiene com sabonete acidificado
  2. Emoliente
  3. Remoção da onicólise
  4. Desbridamento com brocas
  5. Mais limpeza – aqui vinagre vai bem (se tivesse).
  6. Terapia fotodinâmica antimicrobiana (TFDa) com laser.

O ambiente ficou com muito odor, mas logo se dissipou com spray de melaleuca.

Serviço feito! Sorriso nos lábios de quem recebeu esse cuidado.

28.11.19

Fui em busca dela em sua habitação, e eu mesma realizei o procedimento. Ela esperava com ansiedade.

Surpresa! Não havia mais nenhum odor. Fizemos uma nova TDFa.

Aspecto das unhas 48 horas depois – azul é do corante

Procedimentos dessa vez:

  1. Vinagre para retirar o excesso do azul prévio – eu já tinha ido comprar
  2. Limpeza novamente
  3. TFDa com laser
  4. Óleo essencial de meleuca 10%.
  5. Orientação para manter higiene com vinagre.

Quis remover o azul aplicado para a TFDa. Ela me pede para deixar assim. Entendi, faz de conta que é um esmalte. Dignidade é tudo.

Voltei para meu estado depois de uma semana de intenso trabalho treinando enfermeiros em PodiatriCare, mas dona T. ficou em minha cabeça. Fiz minha colega Fernanda. me fazer uma promessa que iria atender dona T semana vem.

Quero muito ver dona T 100% curada.

Em resumo

Higiene e TFDa fizeram uma gigante diferença na saúde das unhas das mãos de dona T. Ainda precisa de tratamento.

Nós nos alegramos em poder ajudar a ela e tantas dezenas de pessoas que foram voluntários para o curso em Fortaleza.

O que eles nos perguntam? Quando vocês irão voltar.

Quem sabe logo.

Tem sempre gente com vontade de ajudar. Promoveremos ação social contando com colegas do local. E assim, poderemos ajudar idosos a ter pés e mãos saudáveis.

Se suas unhas têm cor diferente, procure tratamento.

Procure um Enfermeiro com formação em PodiatriCare (Podiatria Clínica)

Dra Beatriz Yamada – Estomaterapeuta

Instituto Beatriz Yamada

Contato: WhatsAap: 11 99609 4381

Eureka!! Como retirar azul de metileno da unha

O azul de metileno ou de tuluidina são fotosensibilzadores que usamos para realizar a terapia fodinâmica para tratamento da onicomicose.

A combinação dessa substância com a luz do laser ou led produz a reação necessária para matar pouco a pouco os fungos das unhas e pele.

O inconveniente, até então, é que as unhas ficam manchadas com azul e esteticamente ruim para algumas pessoas, sejam jovens ou idosas.

Semana passada, atendi uma cliente nova que já tinha usado a terapia anteriormente em outro local. E ela me deu uma notícia que foi a novidade para mim: conseguia tirar tudo com limão. E isso já foi informação passada para ela. Veja o poder da história oral.

Me disse que usava o limão a noite para evitar queimar a pele com exposição solar, devido ao sumo que poderia tocar a pele. Achei MARAVIGOLD!!

Pensando no assunto, sabendo que limão é ácido, resolvi experimentar o que eu tinha no consultório: ácido acético branco de maçã. Eurekaaaa! A coisa funcinou!! Contei a novidade para algumas colegas e deu certo mesmo. Eba, reunindo evidências. Testei o limão depois, e não vi nenhuma diferença entre ambos na remoção do azul. Entre um e outro, optarei pelo o velho e bom ácido acético pois ficará mais prático para uso tanto no consultório quanto em domicílio.

O que aprendemos, devemos compartilhar. Assim, lá vai minha técnica.

Ao concluir a TFD:

  • pegar algodão ou gaze e embeber com ácido acético puro, o branco de maçã;
  • deixar essa gaze um pouquinho de tempo sobre unha, e depois esfregar até remover o máximo possível;
  • Colocar nos sulcos da unha algodão úmido com a substância e usar o bustiri nuclear para ajudar a esfregar (cuidado se estiver cortante, os meus os deixo cegos) ou um palito de dentes (com cuidado para não ferir)
  • repitir quantas vezes precisar (geralmente duas ou três);
  • aplicar água para remover o vinagre da pele;
  • secar tudo;
  • orientar para aplicar um fitoterápico na unha para potencializar o tratamento em casa.

Sobre os fitoterápicos: as opções vão da solução de vinagre, vinagre com alho à óleos essenciais, entre outras alternativas. Depende também das circunstâncias. Eu faço um mix de cuidados domésticos, que são parte de nosso protocolo institucional.

A respeito do óleo, atualmente, retornei ao óleo essencial de melaleuca porque encontrei um que de fato é essencial, com selo de garantia de pureza. A melaleuca é antifúngica, e tem mais um tanto de outros efeitos terapêuticos. Mas, é preciso ser de fato pura. Em nosso meio há muita mistura. Um dica é ver o preço do produto. Mais do que isso é ver o selo de autenticidade, ex. o CPTG (Certificado de Pureza Testada e Garantida) ou outro que comprove pureza (solicite onde irá comprar).

E para terminar o cuidado, deixar o pé hidratado no capricho. Um carinho em dose dupla. E nessa caso, um ótimo creme hidratante. Eu uso da minha própria marca, a by Corpus.

Essa limpeza com ácido acético fica muito boa, sai basicamente tudo. Em alguns é possível sair tudo. Mas se a unha estiver muito porosa o azul penetra mais e fica lá uma macha azuladinha. Aos que se importam com isso, orientar que repita em casa novamente que vai saindo.

Gostou da dica? Eu amei. Que tal compartilhar com os profissionais que realizam TFD?

Eu testei desse modo, faça novas descobertas e nos conte.

Vamos matar esse funguetes!

abs,

Dra Beatriz F Alves Yamada – PhD, ET
Proprietária do IBYamada

 

Obs. A fotos estão publicadas com autorização dos clientes para divulgação pelo IBYamada, Não deverão ser utilizadas sem prévio consentimento.

Experiências de viver com o “intestino do avesso”

O dia 16 de novembro é uma data nacional de comemoração da pessoa com estomia.

As estomias são aberturas de algum órgão do corpo realizadas cirurgicamente, sempre com a finalidade de preservar a função. Muda-se a anatomia, mas o funcionamento daquele órgão é preservado. Logo, salva-se a vida.

As estomias mais comuns são aquelas realizadas nos intestinos. Através de uma abertura na parede abdominal o intestino é exteriorizado, evertido e suturado (costurado) na parede, expondo, assim, a mucosa intestinal. Isso tudo é cicatrizado com alguns dias, protegendo-se a parte interna do corpo. As fezes passam diretamente por esse orifício para o meio externo e são coletadas num equipamento acoplado a pele, chamado popularmente de ‘bolsa’ de estomia.
Para essa eversão intestinal, estou aqui dando o significado de ‘intestino do avesso’, pois me lembrei da campanha da epidermólise bolhosa que faz a provocação com o ‘virar do avesso’.
Em português o termo correto é “estomia”. Contudo é comum o uso de ‘ostomia’, especialmente entre as próprias pessoas com a derivação.

Uma estomia trás sem dúvidas mudanças de todas as ordens na vida de uma pessoa. Cada tipo com suas peculiaridades, mas as intestinais podem trazer mais aversão em função do conteúdo fecal exalar odor. Lidar com fezes é sempre algo cheio de ecas desde as primeiras experiências de um ser humano. A mãe limpa o bebê, mas geralmente as reações não são de que delícia, que cheiro bom, que maravilha…
Não preciso explorar isso, certo? Todos bem sabemos das reações que temos dentro de um sanitário.

Nessa matéria eu não quero falar de coisas negativas. Porque todas as coisas na vida tem duas faces. Posso diante de um fenômeno explorar mais aspectos negativos que positivos. Contudo, uma visão mais negativas dos fatos causam mais efeitos emocionais deletérios.

Para celebrar esse dia, quero deixar as falas de pessoas que são estomizadas. E desde que já as agradeço por terem se interessado pelo meu pedido e enviarem seus textos e fotos.

Desejo vida longa e bem-estar a todas as pessoas com estomia no Brasil e ao redor do mundo. Decido também ao meu amigo Rufo ( in memoriam) e a minha querida Ana Cris (in vida).

Meu apreço.

Dra Beatriz Farias Alves Yamada
Estomaterapeuta – COREN 49515
Psicóloga Clínica – CRP 06/127735

Selma Torquete – Ileostomia definitiva desde 2005.

Aos 23 anos de idade, fui diagnosticada com Retocolite Ulcerativa. A partir daí comecei o tratamento com o Proctologista, devido as cólicas abdominais e sangramento nas fezes. O tratamento foi intenso, por 20 anos, porém, não escapei da cirurgia.

Foi desesperador quando me vi com uma bolsa de Ileostomia acoplada no meu abdômen. Tinha certeza que aquilo era o fim da linha para mim, minha vida virou dos avessos, já não existia alegria e nem razão para viver.

Aos 44 anos de idade, sem esperança de sobreviver por conta das ocorrências após 4 cirurgias, com perda de peso e muitas dores, entreguei minha vida nas mãos de Deus.

Foi a melhor coisa que fiz na minha vida, pois estava cercada de muito carinho dos familiares e amigos, conheci pessoas que foram e ainda são o meu apoio e meu chão.

Aos poucos fui aprendendo a lidar com a situação, graças às dicas e o apoio das voluntárias da AOMSP – Associação dos Ostomizados do Município de São Paulo, onde mais tarde me tornei uma voluntária por três anos e meio, foi de grande importância esse convívio com a Associação, pois foi com eles que aprendi dar a volta por cima e consegui encarar os obstáculos e recomeçar e principalmente aceitar.

Hoje, aceitando a situação e superando os obstáculos, posso me considerar uma vencedora, trabalho ainda aos 57 anos, uso condução ônibus, metrô, tento ser o mais alegre e companheira possível, gosto muito de curtir a família e os amigos, de viajar e principalmente de agradecer a Deus, que nunca me abandonou, por todo momento vivido e por aqueles que ainda hão de viver.

Moral da minha história: “ Viver um dia de cada vez e ser feliz sempre.”

Acredite sempre, mesmo que o sol não esteja brilhando, porque ‘a força de acreditar é capaz de destruir a escuridão’.


Maria Rita Silva – 48 anos nutricionista/SP, Ileostomia desde 2013

Hoje, eu sempre comemoro a vida pois, graças à ileostomia definitiva, que ganhei desde 2013, por conta de complicações da Doença Inflamatória Intestinal e, carinhosamente chamada de Mel, minha companheira do dia a dia, consegui melhorar minha qualidade de vida e viver melhor.

Hoje, eu comemoro, sim, a pessoa ostomizada que luta pela vida e não desiste de ser feliz em meio a tantas dificuldades, que qualquer um de nós pode passar independente de ser ou não ostomizado. Eu comemoro cada dia vencido com muito orgulho.

Comemoro muito a oportunidade em conhecer pessoas tão especiais que me mostraram que ser ostomizado não é o fim da vida e sim que podemos muito e que, apesar de qualquer dificuldade, vale a pena viver e lutar pelos nossos sonhos.

Após a cirurgia eu consegui terminar o curso universitário concluindo a graduação em Nutrição. Atualmente, sempre que tenho oportunidade, eu auxilio pacientes em sua nova vida como ostomizado. Fazer o bem ao próximo nos faz bem, e procuro fazer tudo que eu gosto: sair com amigas, dançar, ir à praia e, lógico, namorar!

Afinal, a vida, meu bem é para ser vivida pois pode, num sopro se acabar, então “Viva la Vida”.


Edna Pereira (Eda)

Me chamo Edna e tenho 49 anos. Há quase 28 anos, fui diagnosticada com Doença de Crohn e durante todo este período, passei por muitos altos e baixos, como a maioria dos colegas que também convivem com esta doença.

Passei por muitas internações e cirurgias, e entre elas, uma ileostomia e uma colostomia.

Talvez, eu pudesse ter considerado estes detalhes como uma desgraça, mas ao invés disso, resolvi dar GRAÇAS por tudo de bom que Deus permitiu acontecer na minha vida, apesar de tudo que passei.

A ostomia me permitiu mais qualidade de vida, principalmente, depois que conheci outros ostomizados que passaram pela mesma situação e me ajudaram à aceitar a nova condição. Depois da aceitação, me permiti aprender à viver o que for possível, da melhor maneira possível.

Obviamente, a ostomia não foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, mas sem dúvidas, muitas coisas maravilhosas me aconteceram, depois que me tornei uma mulher ostomizada.