Deferência ao dia da consciência negra

Hoje, dia 20 de novembro, no Brasil, celebra-se o dia Nacional da Consciência Negra. Em alguns municípios, como São Paulo, é um feriado que se soma aos dois que já temos em novembro.

A comemoração nessa data foi uma homenagem ao falecimento do líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, falecido em 19651.

No dicionário Michaelis da língua portuguesa a definição principal de consciência é:  “Capacidade, de natureza intelectual e emocional, que o ser humano tem de considerar ou reconhecer a realidade exterior (objeto, qualidade, situação) ou interior, como, por exemplo, as modificações de seu próprio eu2“. A sexta definição me parece se encaixar melhor naquilo que vem a ser a consciência negra, que é: “Compreensão ou lucidez quanto a determinado tema ou assunto, em especial aqueles afeitos a questões sociais e políticas2“.

Dentre as expressões com esse termo descritas nesse mesmo dicionário2, destaco a “Alargar a consciência”, que significa: abandonar velhos escrúpulos; desfazer-se de hábitos antigos e ultrapassados, abrir a cabeça2. Parece que é para isso que o dia foi instituído. Dar uma possibilidade a cada brasileiro de refletir no que o povo afrodescendente viveu no passado, e ainda vive em pleno século 21, e revestir-se de um jeito novo de pensar, livre se preconceitos.

Semana passada, estive visitando Outro Preto -MG. Ouvindo as histórias contadas pelos guias negros, pude sentir, corporal e emocionalmente, um pouco das marcas deixadas por uma cultura de escravatura do povo afrodescendente nesse país. Embora escravatura não seja sinônimo de pele negra, aqui ficou essa marca implantada. Meus sentimentos foram de tristeza profunda e indignação. Envolta em meus pensamentos, fico sempre me questionando porque seres que se dizem HUMANOS  são capazes de fazer tanta atrocidade com outros humanos.  Essa sensação é a mesma que senti quando visitei Hiroshima e Auschwitz. É tão impactante que fico dias com sentimentos de tristeza, mas isso amplia a consciência sobre mim mesma e sobre o mundo externo. Que todo dia seja dia de ampliar a consciência para todos os fatos que envolvem a humanidade.

Esse é um dia que tem como premissa ampliar a consciência. Que assim seja! Mas, eu espero  muito que datas desse tipo deixem de existir, porque se todos entenderem que são iguais diante de Deus e diante do semelhante, não é preciso dia algum para rememorar fatos, lutas ou acontecimentos. Espero também por uma era onde categorias de humanos quanto a cor de pele, crença, religião ou coisa semelhante deixem de existir. Mas, enquanto isso não acontecer, expresso meu apreço a todos as pessoas que se sentem parte dessa luta social. De modo particular, minha deferência aos meus colegas da enfermagem e da psicologia e aos meus clientes afrodescentes.

Beatriz Yamada

 


Fontes consultadas

1. https://www.suapesquisa.com/datascomemorativas/dia_consciencia_negra.htm
2. http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/consci%C3%AAncia/

 

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