Por que celebrar novembro azul?
Segundo a estimativa do Instituto Nacional de Câncer para 2016, no Brasil teriam mais 61.200 novos casos de câncer de próstata, sendo este o que mais afeta os homens1. Nos Estados Unidos esse é terceiro tipo e foram estimados para 2017, segundo a American Cancer Society (ACS), 161.360 casos novos, com 26.730 mortes2. Essa mesma entidade, ACS, registra uma relação de dignóstico de 1:7. Ou seja, um a cada sete homens serão diagnosticados com câncer de próstata durante a vida, especialmente em idosos, cuja relação aumenta ainda mais, 6:10 em homens com idade igual ou maior que 65 anos. É um tumor raro em homens abaixo de 40 anos. A idade média dos homens, quando diagnosticados, é de 66 anos2.
O câncer de próstata afeta os homens, pelo simples fato de apenas homens terem essa glândula, que se localiza perto da bexiga, ureta e reto e tem função de secretar líquido que compõe o sêmem que é nutridor e protetor dos espermatozóides. Por isso sua retirada traz as consequências urinária e sexual.
O risco desse tipo de câncer aumenta com a idade, com história familiar do mesmo tipo de câncer e também sobrepeso e obesidade, mas tal risco pode ser reduzido ao se adotar um estilo de vida saudável (atividade física, boa alimentação, não para tabagismo e evitar consumo de álcool). Os sintomas apresentados relacionam-se a dificuldade de urinar, demora em começar e terminar de urinar, sangue na urina, diminuição do jato de urina, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite2,3 .
Ressaltando... veja o quanto a alimentação rica em vegetais pode nos proteger de doenças e o quanto comidas processadas e cheias de conservantes podem nos enfraquecer. Hipocrates tem toda razão ao dizer:
“Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”
É preciso ir ao médico para avaliação e diagnóstico. Muitos homens hesitam em se consultar, por preconceito ou receios, quanto ao exame de toque retal. Exame esse tecnicamente simples, que auxiliará o urologista na avaliação do tamanho e textura da glândula e o norteará para solicitação de outros exames para confirmação de sua hipótese dignóstica. Com um toque é possível detectar alterações na glândula. E a detecção precoce do tumor pode favorecer a realização de procedimentos operatórios menos agressivos ao corpo, diminuindo as consequências para a saúde do homem decorrentes do procedimento operatório, tais como a disfunção erétil e a incontinência urinária, com todo seu desdobramento emocional.
Há divergência entre os especialistas em fazer ou não rastreamento, não pela realização do exame em si, mas por outras consequências de resultados falsos positivos, por exemplo2,3,4. O rastreamento seria por uma campanha pública.
Rastreamento a parte, ir periodicamente ao um urologista deve partir de um interesse pessoal do homem. Em minha visão feminina e de profissional de saúde, assim como a mulher vai constantemente a um ginecologista, um homem poderia adotar a mesma prática e ter seu urologista de confiança. Não deixar de ir ao médico por receio do exame retal. Não procurar ajuda apenas quando houver sintomas.
Na ausência de sintomas, numa consulta inicial, um bom papo com o urologista já poderá ser muito útil, e com o estabelecimento de um vínculo profissional afrouxar-se-iam a resistência, medos e tabús. Confiança numa relação profissional é tudo e apenas se confia em alguém convivendo com ele. Nesse caso, profissionalmente falando, indo a consulta a vinculação tem tudo para acontecer. É preciso também que o profissional seja sensível e empático.
Como dito antes, uma das consequências da retirada da próstrata é a incontinência urinária (IU), cujo grau de perda pode variar de uma pessoa para outra, a depender do comprometimento anatômico devido a operação. Num estudo sobre prevalência com uma amostra de 746 homens submetidos a prostatectomia radical, 172 (23%) ficaram com IU depois de 12 meses de operado5. Anos depois da operação, além da IU, consequências emocionais também são encontradas, tais como distresse e hiper excitação6. Tais efeitos são potencializados pela perda urinária e as alterações sexuais. O distresse é encontrado em vários estudos científicos de segmento de homens prostratectomizados.
Perceba. Um homem com tais compromentimentos necessitará além de seu médico, assistência especializada de outros profissionais como estomaterapeutas ou fisioterapeutas atuantes em incontinência, psicológos ou sexólogos. Tais profissionais são importantes para ajudarem esse homem a fortalecer o corpo e alma e o capacitar para um viver melhor. Livre de um câncer, mas vivo para viver uma vida ressignificada.
Dada a alta incidência desse câncer em nosso país, promover campanhas como o novembro azul é importante para ampliar a consciência do homem para mudar seu estilo de vida e ter um viver saudável, ir ao consultório médico para examinar-se, munir-se de toda informação e colocar em prática. Tais medidas podem impedir que o câncer apareça, e se por ventura acontecer, que tenha a felicidade de ser dectado o mais precocemente possível, ser assistido em todas as suas necessidades e restabelecer-se para viver de modo pleno.
Compartilhe e colabore com o novembro azul!
Dra Beatriz F Alves Yamada – PhD, Ms
Psicóloga Clínica- CRP 06/127735
Enfa Estomaterapeuta – Coren-SP 49.517
www.institutobeatrizyamada.com.br
Fontes Consultadas
1.http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/tabelaestados.asp?UF=BR
2. https://www.cancer.org/cancer/prostate-cancer.html
3.http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/comunicacao/cartilha_cancer_prostata_2017_final_WEB.pdf
4. http://www.inca.gov.br/releases/press_release_view_arq.asp?ID=1967
5. Tienza A, Robles JE, Hevia M, Algarra R, Diez-Caballero F, Pascual JI. Prevalence analysis of urinary incontinence after radical prostatectomyand influential preoperative factors in a single institution. Aging Male.2017 Aug 31:1-7. doi: 10.1080/13685538.2017.1369944.
6.Egger SJ, Calopedos RJ, O’Connell DL, Chambers SK, Woo HH, Smith DP. Long-term Psychological and Quality-of-life Effects of Active Surveillance and Watchful Waiting After Diagnosis of Low-risk Localised Prostate Cancer. Eur Urol. 2017 Aug 26. pii: S0302-2838(17)30699-1. doi: 10.1016/j.eururo.2017.08.013.
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